
O Madeira Islands Open não é apenas mais um torneio do European Tour. Do prize money que oferece ao field que reúne, tem uma série de especificidades que o tornam, simultânea e um tanto paradoxalmente, mais modesto e mais competitivo do que uma série de outros torneios europeus. Mas, sobretudo, o golfe não é apenas mais uma modalidade desportiva. Jogado a cada dia durante (pelo menos) quatro longuíssimas horas, exige uma concentração inatacável, tentando-a entretanto com uma série de períodos mortos durante os quais o cérebro humano sente o quase incontrolável impulso de visitar os seus fantasmas.
Fumar não é a melhor solução, naturalmente. Fumar – reconhece-o sem reticências um daqueles fumadores que, como os alcoólicos, permanecerão fumadores mesmo quando conseguirem vencer a intermitência da decisão de parar – faz mal, mesmo muito mal. Mas na ausência de um psicólogo, como costuma sublinhar o multi-campeão argentino Ángel Cabrera, pode ajudar (e, nalguns casos, ajuda) no combate à ansiedade. De resto, e se foi no 10 que Lima efectivamente fumou, talvez se deva bendizer esse cigarro. Porque foi precisamente no buraco a seguir que o português começou a conter a hemorragia que chegou a ameaçar levá-lo do primeiro lugar à exclusão para as jornadas do fim-de-semana.
Há momentos na vida em que, como diz Wooy Allen, o importante é encontrar “o que quer que funcione” (ou “whatever works”). Passar um cut no European Tour pode muito bem ser um desses momentos. E agora, por favor, Filipe, macinho guardado até ao buraco 10 de amanhã.
COMENTÁRIO (especial Madeira Islands Open). O Jogo, 10 de Abril de 2009