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20 Janeiro 2007

Fluff’. ‘Fluff’. ‘Fluff’. ‘Air shot’. ‘Fluff’. ‘Air shot’. ‘Fluff’. ‘Fluff’. O primeiro dia de um candidato a jogador de golfe é assim: sapos, pregos, roscas, pontapés na atmosfera. Felizmente, o segundo dia também. E o terceiro. E o quarto. E muitos dias depois desses. Até que, a certa altura, se torna uma rotina. Um conforto. A História prossegue a sua marcha inexorável, pessoas nascem e morrem a cada minuto, os elementos concluem e retomam os seus ciclos intermináveis – e, porém, há uma coisa que parece não mudar nunca. Jogamos mal. Jogamos mal mesmo. Mas é que jogamos muito mal mesmo. E, sem que nos apercebamos, no momento em que chegamos a essa conclusão, estamos já a aprender. A aprender sobre o golfe e a aprender sobre a vida através do golfe. Lição número 1: humildade. Sentias-te o rei da cocada preta? Agora já não te sentes. E, então, sim, estás pronto a começar. A recomeçar. Quantas oportunidades tem um homem de recomeçar na vida?
O acto de jogar um buraco de golfe pode ser descrito de uma forma dramática. Basicamente, há um campo de 350 metros de comprimento, um homem com um pau na mão, uma bola com 4 centímetros de diâmetro, um buraco com pouco mais de 10 cm – e depois aquele homem pequenino tem de percorrer aquele campo gigantesco com aquele pau fininho na mão, metendo aquela bola minúscula naquele buraco ínfimo em apenas quatro pauladas. Assusta. Por outro lado, olha-se para os profissionais na televisão, contempla-se o seu ‘swing’ elegante e a forma fluente como este parece brotar de dentro deles, e parece fácil. Vai-se a um campo ver os amadores, conferem-se os seus corpos deformados e a forma como, apesar disso, a bola voa, e parece mesmo fácil. Encontra-se na rua o vizinho mais tosco do bairro, aquele com quem gozamos sempre, e ouve-se o homem dizer que não faz mais de 10 pancadas acima do ‘par’ em qualquer campo da região – e, então, definitivamente, parece a coisa mais fácil do mundo.
Não é. À primeira aula, percebe-se que não é. Domingos Moita, o profissional a quem cabe o extraordinário privilégio de coordenar a nossa iniciação ao jogo, fala-nos logo de uns vinte princípios. Vinte princípios ou mais – e só para bater um ferro médio a uma distância de, vá lá, 130 metros. ‘Set up’ firme, com os cotovelos colados à barriga. ‘Stance’ alinhado em comboio com o ‘green’. Bola ligeiramente no enfiamento da perna esquerda. ‘Grip’ enérgico, “à campeão”. Taco com a face voltada para o ‘pin’. Corpo semi-erecto. Pernas flectidas. Costas e rabo direitos. Enroscamento compassado das ancas, para a direita. Carregamento do taco em triângulo até meio do ‘backswing’. Braço esquerdo esticado, com punhos partidos a 90 graus. ‘Release’ ao longo da rotação, para a esquerda. ‘Follow-through’ para fora. Barriga para a frente. Movimento completo com pausa final. Cabeça baixa durante tanto tempo quanto possível ao longo do processo. Etc, etc, etc. E a verdade é que, não só não haverá uma só pancada em que consigamos conjugar todos esses princípios, como, de facto, os princípios são muitos mais do que esses – ao ponto de, durante muito tempo, não sabermos sequer enunciá-los todos.

 

Ao fim de três meses de treinos intensivos, leitura persistente, observação atenta dos grandes mestres, compra da maioria dos materiais de apoio disponíveis, visita a todos os campos à mão – ao longo de todos os esforços e diligências passíveis de empreender no decurso de uma estação, com sacrifício do trabalho tanto quanto da vida familiar, portanto, ainda não somos capazes de fazer um ‘swing’. É como se rodar o tronco para varrer aquela bola fosse uma coisa antinatural em nós, uma coisa estranha ao nosso corpo. E, inevitavelmente, temos de voltar à lição número 1. Dê por onde der, voltamos sempre à lição número 1. É assim que nos sentimos a partir da nossa primeira aula de golfe, e depois durante muito tempo: incapazes. Incapazes, estúpidos, inúteis, inválidos. Acontece que, de repente, há uma bola que sai bem. E, como diz uma velha máxima do golfe, quando alguém bate uma bola bem, mal consegue esperar para bater outra. Porque, no fundo, também a humildade é antinatural em nós. E aquela bola bem batida é um rasto de esperança – um sinal de que ainda é possível transcendermos a nossa condição de incapazes.
Domingos Moita é duro, severo mesmo. Corrige cada pormenor, filma-nos para mostrar-nos o filme com os nossos erros, exige força nas pancadas e recusa liminarmente os ‘shots’ à mamã, frouxos e cobardes. Às vezes tenta dissuadir-nos de ir para um campo antes do tempo – e, de facto, fazê-lo com menos de 12 aulas é uma tolice. Outras ri-se por dentro do material que vamos comprando, compulsivamente, todos apetrechados e impantes – apenas por dentro, porém, que é um cavalheiro. Outras ainda tenta explicar-nos que mais vale bater bem 50 bolas no ‘driving range’ do que bater mal 150. Instalado no Centro de Formação de Golfe do Jamor (Lisboa), onde agora vai nascer um campo de 18 buracos destinado à definitiva democratização da modalidade em Portugal, cobra 20 euros por cada aula de meia hora para duas pessoas, mas vale o seu peso em ouro. Milagres, não faz. Durante muito tempo, os nossos corpos continuarão duros, sem resposta aos impulsos que lhes ditamos. As nossas noites são passadas a sonhar com o ‘swing’ perfeito, como na infância sonhávamos com um golo na final da Liga dos Campeões – mas no dia seguinte nem acertamos na bola. Damos força de mais, força de menos, fazemos rotação de mais, rotação de menos, aplicamos ‘release’ de mais, ‘release’ de menos – e, quando nos sai uma bola em ‘slice’ ou em ‘hook’, desde que passe a marca dos 100 metros, explodimos de alegria. Uma alegria infantil, medíocre – mas uma alegria.
Depois começamos a estudar o jogo. Lemos sobre a sua história de mais de 500 anos (a primeira referência escrita às suas origens, na Escócia, data de 1497), tomamos contacto com as regras definidas em 1754 pelo Royal and Ancient Golf Club of Saint Andrews (e que permanecem quase todas válidas), conferimos os seus cânones sobre a etiqueta, o bom senso e a honra (e que nos fazem lembrar os ensinamentos originais da infância) e sentimos que, como que por magia, encontrámos a nossa terapia. Uma verdadeira escola de virtudes, que nos permite brincar como crianças, conviver como adultos, fazer um exercício equilibrado como pessoas lúcidas. E, como se fosse inevitável, vira vício. Vício mesmo, capaz de destruir casamentos – mas também, talvez, de salvá-los. Damos por nós a coleccionar equipamento, acessórios e ‘gadgets’; a comprar revistas, filmes e livros; a guardar cartões de jogo, ‘stroke savers’ e brochuras de todos os campos que visitamos; a memorizar a gíria, a introduzi-la no maior número de frases que conseguimos e a criar metáforas golfísticas para a vida quotidiana. E, quando vamos encontrar-nos num ‘driving range’ à chuva e ao vento, treinando num sítio onde normalmente estão 30 jogadores e naquele dia não está nenhum, sabemos que estamos definitivamente agarrados.

 

A mim, a primeira experiência no campo ocorre no Clube de Golfe da Ilha Terceira, na terra natal, de que decido fazer o meu ‘home club’. Consigo um total de 78 pancadas, escassas seis acima do ‘par’. Ou seriam seis acima do ‘par’ se não se desse a extraordinária circunstância de apenas ter jogador seis buracos, em vez dos 18 do campo. Mas ali, sozinho, ao vento, à chuva e à profunda humidade das Fajãs da Agualva, rodeado dos cheiros das matas da infância, sinto-me mais em casa do que nunca. Regresso com o corpo moído, como e bebo água como se não houvesse amanhã – mas já nada no mundo pode dissuadir-me de continuar. Inscrevo-me como sócio do clube, registo-me na Federação Portuguesa de Golfe, marco provas para ‘handicap’ – farei toda a via sacra de um golfista até que consiga dominar o jogo. E, quando consigo o primeiro ‘par’ de um buraco, é para a vida. Calha-me estar a jogar sozinho, no buraco 1 (‘par’ 3) do campo do Paço do Lumiar, em Lisboa, um dos locais menos entusiasmantes de Portugal para jogar golfe – e sobretudo para jogar golfe sozinho. Nem sequer tenho testemunhas. Mas não preciso. O golfe não é um jogo que joguemos contra outra pessoa – é um jogo que jogamos contra nós próprios, contra o jogo ele mesmo. E, por uma vez, eu venci-o. Ou, pelo menos, empatei com ele.
O torneio para a obtenção de ‘handicap’ corre mal. Na ilha Terceira, junto às pessoas que me viram crescer e cujo respeito a tanto custo tentei obter, faço sete pontos em ‘stableford’ num torneio com 78 pessoas, no qual fico no 78º lugar com menos de metade dos pontos do 77º classificado. Mas todos os golfistas começaram assim, e quase todos me recebem bem, sem comiserações, com solidariedade, dando-me conselhos sem exibicionismos, ajudando-me a procurar as minhas bolas perdidas, aceitando que eu os ajude a procurar as deles. E quando, tempos depois, me acontece o primeiro ‘birdie’, ocorrido no buraco 8 do campo Aroeira 1 (outro ‘par’ 3), desta vez com duas testemunhas e com um ‘chipping’ épico sobre um ‘green’ de sucessivos declives, estou definitivamente absolvido. Mesmo que se sucedam os ‘bogeys’, os ‘duplos bogeys’ e os ‘triplos bogeys’, agora o destino são os ‘birdies’, ‘eagles’, os albatrozes, os ‘holes-in-one’.
Até que, a certa altura, deixamos de contar de contar as cinco, seis ou sete bolas bem batidas num determinado dia para começarmos a contar as quinze, doze, dez verdadeiramente mal batidas. Como se, devagar, o ‘swing’ fosse já fluindo dentro de nós, brotando de dentro de nós. Começamos a controlar as emoções, a calcular as distâncias proporcionadas por cada taco, a escolher as bolas e os ‘tees’, a dosear o ‘release’, a jogar com o ‘stance’, a treinar o ‘pitching’, o ‘chipping’ e o ‘putting’. Aprendemos que o ‘swing’ de um ‘tee shot’ é o que dá espectáculo, mas que é o ‘putting’ no ‘green’ que ganha os jogos. E, embora a evolução continue lenta, extraordinariamente lenta, o tempo joga a nosso favor. O golfe não é um desporto de velhos, mas é um desporto desenhado para amadores – e que se pode jogar ao longo de toda a vida. Nunca é verdadeiramente tarde para ninguém, pois.

 

Para mais, Portugal é o sítio certo. Com uma paisagem encantadora e um clima ameno, combinando amplitudes térmicas relativamente reduzidas e humidade suficiente para a irrigação dos campos, o nosso país é hoje um dos melhores destinos de golfe do mundo. Por causa do Algarve, detentor de vários prémios, mas não só. Dos 72 campos existentes entre o território continental e as duas regiões autónomas, cerca de dez ocupam frequentemente as tabelas dos melhores campos da Europa – e ainda recentemente o complexo da Praia D’El Rey, em Óbidos, foi eleito o melhor ‘resort’ golfístico de todo o Velho Continente. Ao todo, o golfe traz-nos 300 mil turistas por ano (sobretudo britânicos, alemães, holandeses e suecos), para um total de um milhão de voltas e receitas na ordem dos 1800 milhões de euros ao ano (cerca de 1,2% do PIB). E o projecto actualmente aponta para a quase duplicação do volume de tráfego. “Temos objectivos muito ambiciosos no que diz respeito ao golfe”, frisou recentemente o ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho, numa conferência de imprensa destinada a apresentar o Portugal Masters, torneio do Circuito Europeu a realizar em Vilamoura no próximo mês de Outubro.
Os portugueses, curiosamente, não jogam muito. Acham que o golfe é caro, elitista, cheio de cagança. Cagança tem, de facto. Fuja de alguém que diz “gólf” em vez de “golfe”. Fuja de quem usa o jogo para exibir-se, para se distinguir, para se evidenciar socialmente. Mas não deixe de fazer do jogo o seu jogo. O golfe é seu. E saiba duas coisas. Primeira, que há desportos mais caros. Um jogador de golfe pode gastar logo de início mil euros em equipamento (que lhe dura pelo menos alguns anos) e mais outros mil euros anuais em burocracia, incluindo quotas do ‘home club’ e da Federação. Depois, ainda tem de pagar deslocações e ‘green fees’, que podem ir de apenas um euro a mais de 200. Mas fazer vela, automobilismo, equitação, aeronáutica ou uma série de outras modalidades é mais dispendioso, apesar de tudo. Segunda, que o golfe é de facto um desporto elitista, mas apenas porque, como dizia um velho divulgador da modalidade, só uma restrita elite consegue encontrar dentro de si a humildade suficiente para jogá-lo com perseverança.
Além disso, trata-se uma elite cada vez menos restrita. Com mais de 20 mil praticantes homologados, Portugal tem pelo menos outros cinco mil jogadores não registados. Ao longo dos últimos cinco anos, e apesar de um leve retrocesso em 2006, o número mais do que duplicou – e, ao longo dos últimos 15, quadruplicou. Mais: há milhares de outros jogadores, incluindo crianças ainda não federadas, a bater bolas nos ‘driving ranges’ de todo o país. Mais ainda: embora só tenhamos um profissional no ‘top’ 100 do European Tour (José-Filipe Lima), cada vez mais jogadores portugueses estudam agora formas de aventurar-se nas grandes competições internacionais, de Nuno Campino a Hugo Santos, de Ricardo Santos a Tiago Cruz. E, embora persistam as restrições quando à utilização de calças de ganga ou de camisas sem colarinho nos campos, o golfe português parece caminhar a passos seguros para aquilo que já é no resto da Europa ou nos Estados Unidos: um desporto de classe média – não um desporto de massas, mas um desporto para uma cada vez mais imensa minoria.
Porque não experimenta, afinal?

 


GLOSSÁRIO

Air shot – pancada falhada, em que não se acerta na bola.
Albatroz
– conclusão de um buraco três pancadas abaixo do ‘par’ do mesmo.
Backswing – rotação do corpo para trás, para ganhar balanço em direcção à pancada.
Birdie – conclusão de um buraco uma pancada abaixo do ‘par’ do mesmo.
Bogey –conclusão de um buraco uma pancadas acima do ‘par’ do mesmo.
Chipping – pancada de distância curta mas feita de fora do ‘green’, em que a bola é levemente picada e depois rola em direcção ao buraco.
Driving range – campo de treinos, em que se bate bolas em direcção a buraco nenhum.
Duplo bogey – conclusão de um buraco duas pancadas acima do ‘par’ do mesmo.
Eagle – conclusão de um buraco duas pancadas abaixo do ‘par’ do mesmo.
Fairway – zona central do campo relativo a cada buraco, de relva curta, praticamente unindo o ‘tee’ ao ‘green’.
Fluff – ou ‘sapo’, pancada frouxa em que se bate na bola demasiado por cima e se obtém uma progressão rasteira e reduzida.
Follow-through – rotação do corpo para a frente ao longo do swing, feito após a pancada.
Green – área de relva fina onde se situa o buraco.
Green fee – taxa de utilização de um campo para uma volta de 9 ou 18 buracos.
Grip – forma como se agarra o cabo do taco.
Handicap – número de pancadas de bonificação a que um jogador amador tem direito, de acordo com o grau de fragilidade do seu jogo (de 1 a 36).
Hole-in-one – conclusão de um buraco à primeira pancada.
Home club – clube por que um determinado jogador está inscrito na respectiva federação de golfe.
Hook – bola que curva pronunciadamente para a esquerda.
Par – número ideal de pancadas para a conclusão de um buraco; número ideal de pancadas para a conclusão de um campo.
Pin – pau da bandeira.
Pitching – pancada de média distância, em que a bola executa um voo extremamente picado.
Putting – pancada dentro do ‘green’, em que a bola se limita a rolar em direcção ao buraco.
Release – rotação dos pulsos ao longo do ‘swing’.
Set up – posição global do jogador em relação à bola.
Shot – pancada.
Slice – bola que curva pronunciadamente para a direita.
Stance – posição dos pés no momento do ‘set up’.
Stroke savers – brochura vendida em alguns campos com toda a informação sobre cada um dos buracos, de forma a facilitar a vida aos jogadores.
Stableford – modelo de jogo em que se contam os pontos obtidos em cada buraco de acordo com o ‘handicap’ de cada jogador, a saber: um ponto por ‘bogey’, dois por ‘par’, três por ‘birdie’, quatro por ‘eagle’ e cinco por albatroz.
Swing – movimento completo para a realização de uma pancada.
Tee – suporte onde se suspende a bola para o ‘shot’ inicial de um buraco; local de onde se joga o ‘shot’ inicial de um buraco.
Tee shot – pancada de abertura de um buraco.
Triplo bogey – conclusão de um buraco três pancadas abaixo do ‘par’ do mesmo.

REPORTAGEM. NS', 20 de Janeiro de 2007

publicado por JN às 22:02

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Joel Neto nasceu em Angra do Heroísmo, em 1974. Publicou “O Terceiro Servo” (romance, 2000), "O Citroën Que Escrevia Novelas Mexicanas” (contos, 2002), “Al-Jazeera, Meu Amor” (crónicas, 2003) e “José Mourinho, O Vencedor” (biografia, 2004). Está traduzido em Inglaterra e na Polónia, editado no Brasil e representado em antologias em Espanha, Itália e Brasil, para além de Portugal. Jornalista, tem trabalhado... (saber mais)
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