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27 Setembro 2009

Para a esmagadora maioria das mulheres envolvidas no mundo do golfe, não há dúvidas. “Com todo o respeito por Tom Watson, que quase ganhou o seu sexto British Open aos 59 anos (e depois de substituir uma anca), este, sim, é um dos mais admiráveis feitos da história do jogo”, escreveu a editorialista Stina Stenberg na “Golf Digest Woman”. Tema: a vitória da escocesa Catriona Matthew no Ricoh Women’s British Open do início de Agosto – e que, no meio de dois majors masculinos, dos playoffs da FedEx Cup e da própria Solheim Cup feminina, passou quase despercebida à generalidade dos adeptos.

Terceira mulher, desde 1960 (e a seguir de Nancy Lopez e Julie Inkster), a conquistar um torneio do Grand Slam depois de ser mãe, Catriona conseguiu-o, no entanto, escassa onze semanas após dar à luz a sua segunda criança, Sophie. E, por esta altura, já nem são só as mulheres que exigem o reconhecimento da sua façanha como a maior de 2009. “Eu já escolhi o meu Golfista do Ano, e nada me fará mudar de opinião”, escreveu Lawrence Donegan na “Golf World”. “[A vitória de Catriona Matthew é] A melhor coisa que aconteceu ao golfe feminino deste país [o Reino Unido] desde que Laura Davies declinou. É a melhor coisa que aconteceu ao golfe escocês – feminino ou masculino – desde que Sandy Lyle ganhou o The Masters. E é a melhor história de golfe desde que Tiger venceu o US Open com uma perna partida.”

“Isto é absolutamente extraordinário”, comentou Catriona Matthew, de 39 anos, após o putt que lhe deu o triunfo na 37ª edição do campeonato britânico, disputado este ano no campo do Royal Lytham & St Annes Golf Club, no condado do Lancashire, em Inglaterra. Na segunda jornada da competição, portanto dez semanas e seis dias após o parto de Sophie, Catriona conseguiu aqueles que considera simplesmente os melhores nove buracos da sua vida: 29 pancadas (-7) no back nine, incluindo uma sequência eagle/hole-in-one/birdie. À partida para a última ronda, realizada portanto onze semanas e um dia depois de Sophie nascer, a jogadora escocesa tinha três pancadas de vantagem sobre toda a concorrência. Ainda acabou o dia com 73 (+2), apenas salvando o resultado com três birdies consecutivos (buracos 13, 14 e 15) – mas, então, beneficiou do facto de quase toda a gente ter jogado pior do que nos dias anteriores, em resultado das dificuldades apresentadas pelas condições meteorológicas e pelo complicado setup do campo.
Resultado final: 285 pancadas (-3), três à frente da australiana Karrie Webb, segunda classificada, e quatro da sua companheira de formação, a ultra-irritante norte-americana Christina Kim, que terminou no grupo das terceiras. “Nunca pensei que conseguisse regressar, jogar bem e vencer, tudo de uma vez. Apenas esperava fazer o cut”, comentou a jogadora escocesa, exultante, num momento em que a imprensa lhe atribuía a alcunha de “Supermãe”. Isto foi a 2 de Agosto. A 16 de Maio, Catriona estava uma cama de hospital, gritando de dor, com o corpo deformado e uma criança a sair-lhe das entranhas.
“Um parto pode afectar seriamente as tuas hipóteses de conquistar um lugar nos livros de história do golfe”, diz Lawrence Donegan, que recorreu à experiência da própria esposa (handicap 18) para dedicar a Catriona a sua coluna mensal. “Por um lado, o teu corpo está traumatizado. Por outro, há tanta coisa para fazer quando um bebé chega que tudo o que antes parecia vitalmente importante (…) perde todo o significado.” Na verdade, Catriona tem razões para queixar-se: Sophie teve cólicas durante seis semanas – e durante outras tantas ninguém dormiu lá em casa. Por outro lado, toda a família está concentrada na carreira dela. Incluindo o marido, Graeme, que é o seu caddie – e que, entre o tratamento dos seus tacos e as notas tiradas sobre os diferentes campos que é preciso conhecer para as competições, encontrou sempre forma de conciliar os treinos com a presença de Sophie (e, aliás, também de Katie, a irmã mais velha).
“Não me chamem ‘Supermãe’, que eu não mereço”, diz Catriona. “Na verdade, tenho muita sorte em que o meu marido seja o meu caddie, de forma que estamos ambos quase sempre perto das crianças. De resto, soubemos sempre revezar-nos nas tarefas lá de casa. Na verdade, e mais do que qualquer outra vitória na minha carreira, esta foi completamente resultado de um trabalho de equipa.”
Ouvidos pelas mais diversas publicações internacionais, médicos e fisioterapeutas apontam algumas razões por que uma jogadora de golfe pode tirar partido de uma gravidez, incluindo o rebaixamento do centro de gravidade, com vantagens sensíveis para o equilíbrio do swing, e a quase congestão hormonal, eventualmente vantajosa para a determinação e para a acutilância. Laura Diaz, que teve um filho em 2005, jogou até muito tarde na gravidez, dizendo que se sentia a bater a bola como nunca. Karen Stuples, que teve uma criança em 2007, garantia que ganhara 10 jardas de distância a partir do momento em que engravidara. E Julie Inkster, que ganhou 31 campeonatos em 27 anos, sublinhou sempre que o facto de ter criado duas filhas ao longo desses mesmos 27 anos só a ajudou a concentrar-se no essencial.
E, no entanto, não é à concentração que Catriona Matthew agradece a vitória. É, antes, à capacidade que a gravidez lhe deu para relativizar o jogo. Ainda antes do British Open, a escocesa já conseguira uma posição entre as 30 primeiras classificadas do Evian Masters – e, entretanto, a única coisa que fez foi agarrar-se à sensação de liberdade que a maternidade lhe permitia. “Basicamente, fiquei sem pressão. Ninguém esperava que eu ganhasse – e foi por isso que ganhei”, garante. “Por isso e porque, entre os shots, ia pensando nas minhas crianças, em vez de estar ali obcecada com o jogo. Ajudou-me muito não pensar em ganhar.”
“Foi uma vitória pessoal. Ou uma vitória familiar. Não foi apenas a natureza que a determinou”, reconheceu Andrea Provence, da LPGA, entrevistada pela revista “Women & Golf”. Um estudo recentemente publicado no “Journal Of Labor Research” por David E. Kalist, da Universidade de Shippensburg (Pensilvânia), confirma essa excepcionalidade. “Do ponto de vista estatístico, a produtividade das mulheres [no golfe] depois de elas se tornarem mães aumenta nos anos antes da gravidez e baixa a partir desta”, diz o académico norte-americano. “Mas isso não quer dizer que a baixa de produtividade tenha a ver com razões físicas. Na verdade, pode tratar-se apenas de desprendimento. Pode tratar-se apenas da existência de outras prioridades.”
“O facto é que esta vitória pode fazer muito pelo golfe feminino e pela desmistificação do impacte negativo que uma gravidez pode ter numa jogadora”, volta Andrea Provence. “E, aliás, tanto a nível amador como a nível profissional.” Na mente de todos, naturalmente, está o abandono da competição por parte da super-campeão sueca Annika Sörenstam, que realizou os últimos torneios em 2008, aos 39 anos, para entretanto se dedicar a tempo inteiro à tentativa de ser mãe.
Pois, agora, é precisamente em Catriona que o golfe feminino europeu, desapossado do seu grande ícone desde a reforma da sueca, mais aposta. Primeiro escocesa a conquistar um major, Catriona é também, por esta altura, uma das poucas europeias em grande nível no colossal circuito norte-americano, onde as armadas americana e sul-coreana dominam largamente. A jogadora foi mesmo uma das mais em foco na última Solheim Cup, disputada igualmente depois da sua gravidez. Infelizmente para ela (e para a equipa), os dois pontos que conquistou não foram suficientes para a vitória da Europa.


CATRIONA MATTHEW

NOME: Catriona Isobel Matthew
NASCIMENTO: 25 de Agosto de 1969, em Edimburgo, na Escócia
PROFISSIONAL DESDE: 1995
CIRCUITOS: LPGA Tour (preferencial) e Ladies European Tour
VITÓRIAS COMO PROFISSIONAL: 7
VITÓRIAS EM MAJORS: 1 (Ricoh Women’s British Open 2009)
DESEMPENHO NA SOLHEIM CUP: 6 participações, 2 vitórias

 

FEATURE. J, 27 de Setembro de 2009

publicado por JN às 23:08
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20 Setembro 2009

O futebol teve Pelé? O golfe teve Arnold Palmer. O cinema teve James Dean? O golfe teve Arnold Palmer. O música teve Elvis Presley? O golfe teve Arnold Palmer. A moda teve Coco Chanel, a literatura teve John Steinbeck, a conquista do espaço teve Neil Armstrong? O golfe teve Arnold Palmer, o golfe teve Arnold Palmer, o golfe teve Arnold Palmer. Teve e tem. “O Rei” faz este mês 80 anos – e o melhor jogo do mundo parou para homenagear o seu imenso legado

Dê por onde der, foi com Arnold Palmer que o golfe deixou de ser um jogo elitista ao alcance apenas de meia dúzia para tornar-se um desporto de multidões, com bancadas cheias e colecções de autógrafos. Foi com ele que o golfe saiu do espaço restrito de um country club e chegou às casas de milhões e milhões de pessoas no mundo inteiro, via televisão. E foi com ele que o golfe deixou de ser um entretém de velhos reformados para tornar-se num desporto cheio de estilo, cool e vocacionado para os mais novos.
Nascido em Latrobe, na Pensilvânia, Arnold Palmer aprendeu a jogar com o pai, profissional de driving range e green keeper do Latrobe Golf Club. Aos sete anos, e apesar de apenas ser autorizado a jogar de madrugada ou ao crepúsculo (os bons horários estavam reservados aos sócios), bateu pela primeira vez abaixo das 70 pancadas. Resultado: nunca mais parou de jogar. Ainda esteve na Universidade de Wake Forest, mas desistiu logo a seguir à morte de um colega (Bud Worsham), alistando-se na US Coastguard, onde tinha mais tempo para praticar.
Quando venceu o US Amateur Championship, em 1954, decidiu-se pela carreira profissional. Um ano depois, e ainda na temporada de estreia no PGA Tour, já estava a vencer torneios profissionais (o Canadian Open de 1955 foi o primeiro). E, então, foi preciso esperar 50 anos para que desse por concluído o percurso. Ao todo, ganhou 94 torneios (o Crestar Classic de 1988, do Champion’s Tour, foi o último), dos quais sete do Grand Slam. Pelo meio, jogou e venceu ainda sete Ryder Cups, cinco como jogador, uma como capitão-jogador (a última vez que aconteceu) e uma como capitão apenas.
Muitas das suas vitórias (como a do US Open 1960, em que chegou a domingo sete pancadas atrás e ultrapassou Ben Hogan e Jack Nicklaus) foram dramáticas. Muitas das suas derrotas (como a do British Open desse mesmo ano, em que perdeu por uma pancada para o australiano Kel Nagle) ainda mais. Entretanto, o seu legado ia-se disseminando. Quando, em 1960, assinou um contrato de agenciamento com o advogado Mark McCormack, tornando-se no seu primeiro cliente, Arnold simplesmente abriu-se à sua frente todo um mundo novo, contribuindo decisivamente para que se abrisse também um mundo novo para o golfe em geral.
Hoje, McCormack diz que Palmer tinha tudo a seu favor: o bom aspecto, o background socialmente modesto, uma enorme afabilidade pessoal, um estilo de jogo demolidor e uma enorme tendência para os finais dramáticos. O facto é que, bem agenciado, Palmer tornou-se instantaneamente na maior personalidade internacional do golfe – e, aliás, numa das maiores do desporto em geral. Beneficiou, naturalmente, do arranque, pouco antes, das transmissões televisivas de golfe. Mas deu-lhes ele próprio um elã que elas não encontrariam em mais ninguém antes de Tiger Woods. A elas, transmissões televisivas, e ao estrelato em geral: hoje, o império de McCormack vale milhões de dólares por ano, gerindo a carreira do golfista Tiger Woods, da manequim Kate Moss ou da actriz Liv Tyler, entre tantas outras figuras de proa.
Foi Arnold, o fumador bonito e debonair, que ajudou a criar a moda de golfe. Foi ele que salvou o British Open, aceitando jogá-lo quando mais ninguém gostava de fazê-lo (por causa do fraco prize money e da dificuldade dos campos links) e convencendo dezenas de colegas americanos a juntarem-se-lhe. Foi ele quem pela primeira vez reuniu uma legião de fãs (que ganhou, de resto, a alcunha de “O Exército do Arnie”). Foi ele que criou o Golf Channel, associando-se em 1995 a Joseph E. Gibbs. Foram dele dezenas dos melhores livros de instrução de golfe dos anos 60 e 70. E são dele os desenhos de mais de 300 campos ao redor do mundo, do estado da Florida ao Cazaquistão.
Num tempo em que os prémios monetários estavam a milhas do que são hoje, Arnold Palmer foi o primeiro jogador a ganhar um milhão de dólares em prize money ao longo da carreira. Entretanto, e só no ano passado, facturou mais de 30 milhões em investimentos. Chamam-lhe “O Rei”. Porque haveriam de chamar-lhe outro nome?


ARNOLD PALMER

 

NOME: Arnold Daniel Palmer
NASCIMENTO: 10 de Setembro de 1929, em Latrobe, na Pensilvânia (EUA)
ALCUNHA: “O Rei”
PROFISSIONAL DESDE:
1954
CIRCUITO ACTUAL: Champions Tour
VITÓRIAS COMO PROFISSIONAL: 94 (62 no PGA Tour)
DESEMPENHO EM MAJORS: 7 vitórias (The Masters 1958, 1960, 1962 e 1964; US Open 1960; British Open 1961 e 1962) e 31 top tens
DESEMPENHO NA RYDER CUP:
6 participações como jogador (1961, 1963, 1965, 1967, 1971 e 1973) e 2 como capitão (1963 e 1975), todas elas vitoriosas
PRÉMIOS E DISTINÇÕES: jogador com mais prize money em 1958, 1960, 1962 e 1963; PGA Player of the Year em 1960 e 1962; vencedor do Vardon Trophy em 1961, 1962, 1964 e 1967; vencedor do Bob Jones Award em 1971; membro do World Golf Hall of Fame desde 1974; vencedor do Old Tom Morris Award em 1983; vencedor do PGA Tour Lifetime Achievement Award em 1998; vencedor do Payne Stewart Award em 2000

 

OBRIGADO, ARNIE!

“Se eu alguma vez me deparasse com um putt de dois metros e meio e tudo o que tenho dependesse dele, eu gostaria que fosse o Arnold Palmer a batê-lo por mim”
BOBBY JONES, o melhor golfista amador de todos os tempos

“O lugar do Arnold na história é aquele que pertence ao homem que transformou um jogo de meia dúzia num desporto de massas. Foi ele que catalisou esse acontecimento”
JACK NICKLAUS, recordista de vitórias em majors (18)

“Sem ele, o nosso jogo não teria tido o desenvolvimento que teve. Foi ele quem inventou a televisão de golfe. Sem ele, não estaríamos a jogar pelos prémios por que jogamos agora”
TIGER WOODS, actual líder do ranking mundial

“É impossível sobrestimar o que ele fez pelo nosso Open Championship. Ele decidiu vir jogar quando mais ninguém o queria fazer – e depois ainda convenceu os outros a virem com ele”
NICK FALDO, multi-campeão e comentador televisivo

“Ele caiu da cama com aquele carisma. Simplesmente caiu da ama com ele. Quando está com oo seu ‘Exército’, pode pedir a qualquer um que se atirar para o rio, que ele atira-se mesmo”
GARY PLAYER, “O Príncipe” do golfe

“Arnie não só torna um torneio de golfe tão perigoso como uma corrida da Indianápolis 500, como tem tantos acidentes quantas as vezes em que acaba em primeiro”
MARK MCCORMACK, maior agente de golfe da história

“Ele é o mais amado e respeitado golfista da história. É a personificação de tudo o que o golfe tem de bom. Nunca, por gestos ou palavras, violou a etiqueta deste jogo”
DONALD STEEL, o mais clássico course dedigner da actualidade

“As lendas do golfe apareceram-nos em todas as formas e feitios. Mas nenhuma foi capaz de excitar tanta gente como Arnold Palmer. As suas derrotas eram tão dramáticas como as suas vitórias”
PETER ALLISS, mais respeitado comentador de golfe da actualidade


OS 'FUNDAMENTALS' DE ARNOLD PALMER

“O Rei” jogou toda a vida de acordo com 20 princípios, que depois explicou em múltiplos livros. Eis uma síntese:

1. CONCENTRE-SE
Se pestaneja, morre. O golfe não permite um instante de desconcentração no momento de um swing.

2. AJUSTE A MÃO ESQUERDA
É fácil ajustar o grip da mão direita sobre o da mão esquerda. Este é que é importante – e deve estar bem firme.

3. APERTE O MÉDIO, O ANELAR E O MÍNIMO ESQUERDOS
São os dedos mais importantes de um grip. Um bom exercício é apertá-los todos os dias no volante do carro.

4. COMANDE TUDO COM O BRAÇO ESQUERDO
E é o braço direito que dá energia ao swing, definindo a força. Mas é o esquerdo que comanda toda a acção, estabelecendo o ritmo.

5. NÃO ACCIONE OS PULSOS NO TAKEAWAY
Só a partir do meio da subida, no backswing, é que os pulsos entram em acção.

6. EVITE O SWAY
Se houver movimento lateral no backswing, vai ter de haver movimento lateral no downswing também. E na exacta proporção.

7. RODE BEM
Como se estivesse numa daqueles velhas cadeiras de barbeiro. Nem mais nem menos.

8. APONTE O OMBRO ESQUERDO À BOLA
No topo do backswing, isto é. Nessa altura, os ombro devem formar uma posição rigorosamente perpendicular à das ancas.

9. FAÇA UM SWING COMPACTO
Um swing longo e descontraído é má ideia. O ideal é reduzir o backswing.

10. MANTENHA A TENSÃO
Muitos jogadores apercebem-se de que, batendo com menos tensão, acertam melhor na bola. Mas é um hábito errado e difícil de vencer.

11. PROLONGUE A LINHA DE IMPACTO
Os hooks aparecem porque se fecha a cabeça do taco. Mantenha o movimento do taco em direcção ao alvo durante um instante mais.

12. ABRA O STANCE NOS FERROS CURTOS
Não é precisa força para estes ferros, apenas controlo. E abrir um pouco o stance é a melhor forma de consegui-lo.

13. PLANEIE OS PUTTS NO APPROACH
Não basta acertar no green. É importante deixar a bola num local de onde se possa fazer birdie.

14. NÃO MEXA O CORPO NO MOMENTO DO PUTTING
Só mexem as mãos e os braços. Tudo o resto fica absolutamente imóvel.

15. USE MNEMÓNICAS DE VISUALIZAÇÃO
Sobretudo no putting. Um exemplo: trilhos de comboio no green (a geada matinal pode ajudar a montar a mnemónica).

16. NÃO SEJA MEDROSO
Quando ultrapassam o buraco no primeiro putt, muitos jogadores ficam curtos no segundo. É uma cobardia.

17. ‘PUTTE’ EM VEZ DE ‘CHIPPAR’
Um mau putt continua a ser melhor do que um com chip. Basta ser possível executá-lo.

18. ‘VARRA’ O CHÃO NO CHIPPING
Um chip curto não envolve acção de pulsos. O essencial é “varrer” o chão, passando pela bola.

19. MUDE DE FERRO, NÃO DE PANCADA
‘Chippar’ sempre com o mesmo taco e diferentes intensidades é má política. O ideal é usar sempre a mesma intensidade, mas com tacos diferentes.

20. “SENTE-SE” NO BUNKER
Ou quase. A flexibilidade dos joelhos nos bunkers shots é absolutamente essencial.

 

FEATURE. J, 20 de Setembro de 2009

publicado por JN às 22:56
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13 Setembro 2009

Podia o golfe pôr-se a salvo da fúria mística que varre o mundo? Não podia. E, portanto, também ele tem o seu horóscopo, os seus mapas astrais e, por cima, a bênção do Zodíaco. Esta semana mergulhámos nos astros e na sua suposta influência sobre os diferentes golfistas (e respectivos desempenhos). Lemos horóscopos europeus e americanos, comparámos as previsões de astrólogas de nome “Krystal” e de bruxos chamados “Satyrn”, encontrámos os máximos denominadores comuns entre todos os textos e fundimos tudo num só – sem citar nada nem ninguém, o que foi o mais divertido de tudo. No fim, saiu uma coisa que parece meio no gozo. Mas isso é só porque nós somos uns cépticos empedernidos. Na verdade, está lá tudo o que interessa. Em princípio. E se ainda puder mudar de signo, fique já a saber: vá para Sagitário.

 

Carneiro
(21 de Março-20 de Abril)
Você é como um carneiro à espera da matança: uma marca lança um novo ferro, uma nova madeira ou uma nova luva e lá está o cavalheiro a desembolsar boa vontade. A questão é que é precisamente esse o seu encanto: o empenho, o desejo de levar o seu jogo a um outro nível e a disponibilidade para apostar dez euros mesmo tendo só cinco na carteira.
PREVISÃO PARA SETEMBRO Um amigo (ou uma revista da especialidade, os astros não são claros) vai propor-lhe uma viagem de golfe que, uma vez concluída, parecerá ter resolvido todos os problemas do seu swing. Mas tenha cuidado: se se esforçar demais, vai rasgar um músculo e ser obrigado a ficar no estaleiro durante várias semanas . Forças Caramba, isso é tudo espírito competitivo? Fraquezas SOS, emoções fora de controlo. Taco da sorte Qualquer taco da marca Ram (mas é claro que não é publicidade, afinal onde é que ainda se encontra alguma coisa da Ram hoje em dia?). Grande jogadores em cujo ombro pode ir chorar, pois hão-de estar igualmente aflitos (tirando que sabem mesmo jogar golfe)* Tommy Bolt, JoAnne Carner, Seve Ballesteros, Davis Love III e Mark Brooks.

 

Touro
(21 de Abril-20 de Maio)
Nativo de Touro, já se sabe, é determinado e audaz. Às vezes parece um bocado teimoso, é certo. Mas a questão é esta: nenhum outro golfista se “agarra” tanto ao jogo, disputando-o até que o último putt, enfim, se afunde no copo. Curiosidade: de acordo com o serviço de estatística do Zodíaco, é precisamente no signo Touro que mais ocorrem eagles 2.
PREVISÃO PARA SETEMBRO Vocês, “touros” (desculpem, é o Zodíaco que vos chama assim, não nós) andam a abusar da mão direita no downswing. Ou batem a bola “gorda”, e portanto curta, ou acabam sempre nas árvores da esquerda, à procura dela. Invista mais na mão esquerda, que é quem verdadeiramente manda. E, se for senhora, compre uma madeira 9 e reforme de vez o ferro 5. Forças Grande tenacidade, grande poder físico. Fraquezas O problema é que você não é tão bom quanto pensa... Taco da sorte Todos os ferros longos (incluindo a “cana de pesca”, aparentemente). Grande jogadores em cujo ombro pode ir chorar, pois hão-de estar igualmente aflitos (tirando que sabem mesmo jogar golfe)* Harry Vardon, Johnny Miller, Hal Sutton, Jim Furyk e Stewart Cink.

 

Gémeos
(21 de Maio-20 de Junho)
Não há signo mais esquizofrénico, diz o sr. Zodíaco – e essa esquizofrenia também se verifica no golfe. Um nativo de Gémeos quer ser criativo de manhã e à tarde já está cheio de vontade de ser convencional; joga de forma ousada no buraco 10 e no buraco 16 já é o mais ponderado de todos. Quando calha bem, há birdie. Quando calha mal, claro, há out of bounds.
PREVISÃO PARA SETEMBRO Os “Gémeos” encontrar-se-ão recorrentemente, este mês, em duas encruzilhadas clássicas: que ferro jogar quando estão “entre ferros”; e tentar ou não um longo carry sobre a água. Respostas simples e práticas: use o ferro mais longo e faça um swing suave; e não se meta em loucuras, caramba, mesmo que o seu parceiro de jogo o desafie a isso. Mas você acha mesmo que ele só deseja o seu bem, é? Forças Mesmo não o sabendo ainda, você tem condições para jogar tanto à dextra como à canhota. Fraquezas Naturalmente, é um indeciso patológico... Taco da sorte O ferro 5 (talvez o 6, os próprios astros não têm a certeza). Grande jogadores em cujo ombro pode ir chorar, pois hão-de estar igualmente aflitos (tirando que sabem mesmo jogar golfe)* Sam Snead, Billy Casper, Gene Littler, Calvin Peete e Mark Calcavecchia.

 

Caranguejo
(21 de Junho-21 de Julho)
Um dissimulado, você? Dizem os astros que sim: que é dissimulado e que é sonso. Que quer mais ganhar o torneio do que qualquer outra pessoa em campo – e que, aliás, está sempre a torcer por dentro para o parceiro pôr a bola out of bounds. (Credo, que pessoa horrível você é!)
PREVISÃO PARA SETEMBRO Um dos seus parceiros de jogo vai aparecer em campo com um novo driver – um taco belíssimo, com uma cabeça gigante, com o qual ele baterá a bola para mais longe do que o lugar para onde você foi passar as últimas férias. A certa altura, olhará para si: “Não queres experimentar?” Não experimente, pois vai passar por baixo da bola e deixar o taco cheio de “neve no telhado”, para sua grande vergonha. E, pronto, é isto que o Zodíaco tem para si este mês… Forças A habilidade para encontrar uma porta de saída mesmo quando se encontra completamente encurralado. Fraquezas O golfe links (a verdade é que acaba sempre a jogar nas dunas). Taco da sorte Sand wedge (porque será?). Grande jogadores em cujo ombro pode ir chorar, pois hão-de estar igualmente aflitos (tirando que sabem mesmo jogar golfe)* Babe Zaharias, Billy Casper, Colin Montgomerie, Juli Inkster e Adam Scott.

 

Leão
(22 de Julho-22 de Agosto)
Os “leões” (mesmo os benfiquistas e os portistas, note-se) são altivos e elegantes. Vaidosos, tomam muito cuidado com o seu aspecto e com a forma como andam em campo, imprimindo um certo estilo à marcha. Problema: jogar golfe é acertar na bola, não passear os tacos...
PREVISÃO PARA SETEMBRO Este mês é muito perigoso jogar consigo – as suas bolas saem à direita e à esquerda, mas nunca pelo meio. Pratique a palavra “Fore!” antes de sair de casa (pode usar o duche, que o Zodíaco diz que faz efeito na mesma). Tome especial cuidado com jogadores vestidos de vermelho ou cor-de-rosa (jogue apenas quando estiverem fora da sua linha, se não ainda lhes acerta). E não vale fazer piadas com o facto de a sua sogra ter o hábito de jogar de cor-de-rosa… Forças Um coração-de-leão nunca desiste! Fraquezas Quando lhe dá para o hook, é um ai-jesus... Taco da sorte As madeiras de fairway (lofts não especificados pelo mapa astral). Grande jogadores em cujo ombro pode ir chorar, pois hão-de estar igualmente aflitos (tirando que sabem mesmo jogar golfe)* Ben Hogan, Doug Sanders, Brad Faxon, Dottie Pepper e Billy Mayfair.

 

Virgem
(23 de Agosto-22 de Setembro)
Nativo de Virgem é forte, apesar de ser fraco; competitivo, apesar de ser desleixado; preciso, apesar de ser falível. Quer dizer: temos quase a certeza de que é isso que os mais de 10 mapas que consultámos queriam dizer. Na verdade, os astrólogos (ou seriam os próprios astros) pareciam extremamente ocupados a encontrar uma forma de criticar o signo sem colocar em causa “El Rei” Arnold Palmer. Quem pode censurá-los?
PREVISÃO PARA SETEMBRO Nem cá nem lá; nem dentro nem fora; nem presente nem ausente. É um mês difícil para si. No trabalho, as poeiras viraram entropias. Em casa, as entropias viraram problemas. Felizmente, os astros têm uma solução para si: leve um par de bananas e coma-as no 7º ou no 12º buraco (mas nunca no 13º, no 14º ou no 15º). Como assim, não estar “a perceber a relação”? Forças Os verdadeiros “virgens” nunca cedem à tentação. Fraquezas Volta e meia damos por si nas marcas das senhoras, o que é algo embaraçoso para o segundo shot de um homem. Taco da sorte Madeira 7 (já não são fáceis de encontrar, tente no eBay). Grande jogadores em cujo ombro pode ir chorar, pois hão-de estar igualmente aflitos (tirando que sabem mesmo jogar golfe)* Arnold Palmer, Tom Watson, Raymond Floyd, Lee Janzen e Rich Beem.

 

Balança
(23 de Setembro-22 de Outubro)
Diz o Zodíaco que os nativos de Balança são charmosos, íntimos e sensíveis. Possuem um grande sentido de justiça – e, portanto, não vão nunca dropar a bola mais perto do buraco, “encontrá-la milagrosamente” numa eira de dois metros quadrados entre as árvores ou mesmo roubar uma pancadinha na contagem final. Parece pouco mas, quando se conhece o género humano, já é alguma coisa.
PREVISÃO PARA SETEMBRO Ah, “Balanças”, “Balanças”… O pessoal do equilíbrio. Era tão bom tê-lo, não era? Pois não será este mês. Em Setembro, você vai começar a meter os drives e no mesmo momento perder o putting; depois começará finalmente a acertar no green, mas não acertará mais nenhuma no scramble. Parece que há por aí um mega shank em perspectiva, mas o Zodíaco não consegue adiantar o dia. Forças desportivismo; bom stance. Fraquezas Às vezes você é demasiado descontraído para o seu próprio bem (e o pior é que, por mais que tente, não consegue evitá-lo). Taco da sorte Putter (daqueles com pesos de ambos os lados, claro…). Grande jogadores em cujo ombro pode ir chorar, pois hão-de estar igualmente aflitos (tirando que sabem mesmo jogar golfe)* John Cook, Larry Mize, Fred Couples, Ernie Els e Laura Davies (o mapa não esclarece bem se Laura Davies “é” Balança ou “precisa de uma” balança…).

 

Escorpião
(23 de Outubro-21 de Novembro)
Um “Escorpião” demora a zangar-se, mas quando se zanga pode ser para a vida. O mesmo no campo de golfe. Na maior parte do tempo, os resultados são menos importantes, para um nativo de Escorpião, do que a camaradagem e o desportivismo. Mas experimentem meter-se com ele e verão…
PREVISÃO PARA SETEMBRO O seu putting está pior do que nunca, portanto mais vale operar uma mudança. Pode tentar a pega invertida, mas o ideal será tentar um belly putter com a pega em garra. Se mais nada funcionar, então experimente passar uma semaninha no putting green, que provavelmente era o que precisava desde o início. Forças Uma tremenda intuição para o momento em que é preciso matar o jogo. Fraquezas Uma certa tendência para a auto-destruição. Taco da sorte Ferro 2 (fundamental acertar na bola). Grande jogadores em cujo ombro pode ir chorar, pois hão-de estar igualmente aflitos (tirando que sabem mesmo jogar golfe)* Bobby Locke, Gary Player, Chi Chi Rodriguez, Corey Pavin e David Duval (a propósito de “tendência para a auto-destruição”, isto é).

 

Sagitário
(22 de Novembro-21 de Dezembro)
Inquietos e insatisfeitos, os nativos de Sagitário, já se sabe, são também desconcentrados, facilmente aborrecíveis e, muitas vezes, improdutivos. Mas são honestos – e, quando estão num campo de golfe, não estão a pensar em estar em mais lado nenhum, embora pareça que estão. É o que dizem os astros, pronto.
PREVISÃO PARA SETEMBRO “Sagitarianos”, alegrai-vos, que este é o vosso mês. Nem sequer percam tempo a pensar demasiado nos shots: é agarrar no taco e dar-lhe com força (“grip it and rip it”, como se diz na América). Dizem os astros que as próximas seis semanas serão a vossa melhor época de golfe este ano. Portanto, vão continuar a ler esta tontice toda até ao fim ou vão fazer-se de imediato à estrada, caramba? Forças Um voo de bola regra geral direitinho como uma seta. Fraquezas Um braço esquerdo com tendência para a chicken wing. Taco da sorte Madeira 3. Grande jogadores em cujo ombro pode ir chorar, pois hão-de estar igualmente aflitos (tirando que sabem mesmo jogar golfe)* Walter Hagen, Lee Trevino, Tom Kite, Rocco Mediate e Steve Elkington.

 

Capricórnio
(22 de Dezembro-20 de Janeiro)
Não vale a pena pormo-nos com coisas: se efectivamente há um signo do Zodíaco mais apropriado ao golfe do que outro, então esse signo tem de ser o signo de Tiger Woods. É tal a qualidade do californiano que, bem vistas as coisas, devem ser os astros a vergarem-se à sua vontade (e não o contrário). Dizem os astrólogos que se trata de “consistência”. Talvez devamos chamar-lhe apenas “génio”…
PREVISÃO PARA SETEMBRO O seu pitching vai perder alguma precisão, pelo que deve pegar no taco mais em baixo e reduzir o swing para 3/4. Entretanto, e se der por si a jogar um match play com alguém com a letra R no nome, tome cuidado com a tentação dele para melhorar o lie da respectiva bola. Há coisas das quais nem o facto de ser do signo do Tiger Woods pode salvá-lo... Forças Qualquer campo lhe serve (nenhum lhe mete medo). Fraquezas A teimosia e a persistente recusa dos bons conselhos. Taco da sorte Mas desde quando é que você acredita na sorte? Grande jogadores em cujo ombro pode ir chorar, pois hão-de estar igualmente aflitos (tirando que sabem mesmo jogar golfe)* Ben Crenshaw, Paul Azinger, Nancy Lopez, Tiger Woods e Sergio Garcia.

 

Aquário
(21 de Janeiro-19 de Fevereiro)
Como “aquariano” (palavrinha adorável esta), você é curioso e cerebral. O golfe atrai-o na exacta medida em que o atraem todos os outros grande mistérios que a simples razão humana não consegue desvendar. Por outro lado, a sua determinação e a sua atenção à mecânica deixam-no sempre um passo à frente do evoluir do jogo.
PREVISÃO PARA SETEMBRO O número 7 terá especial significado para si este mês. O buraco 7, o ferro 7, a madeira 7, o stroke index 7, um adversário cujo handicap acabe em 7 e, naturalmente, um 7 no seu cartão de jogo – há que ter atenção a tudo isso. Se for ao Japão (e esta informação é mesmo muito importante), tenha cuidado: não aposte um só euro contra um fumador da marca Mild Seven. Forças O seu chipping está no ponto. Fraquezas As grandes massas de água vão sentir-se inexplicavelmente atraídas por si. Taco da sorte O driver (sobretudo para medir distâncias de dois tacos…). Grande jogadores em cujo ombro pode ir chorar, pois hão-de estar igualmente aflitos (tirando que sabem mesmo jogar golfe)* Byron Nelson, Jack Nicklaus, Curtis Strange, Greg Norman e José Maria Olazábal.

 

Peixes
(20 de Fevereiro-20 de Março)
Um nativo de “Peixes”, é dos livros, não está para seguidismos: nasceu para líder ele próprio. Portanto, se toda a vida ele tem remado contra ventos e marés, não há-de ser no campo de golfe que deixará de fazê-lo também. Nem sempre as coisas lhe correm bem. Mas a verdade é que não há mais ninguém com um coração da dimensão o seu…
PREVISÃO PARA SETEMBRO Neptuno é dado a truques e manhas, portanto esteja preparado para maus bounces e piores kicks. Considere bater a madeira 3 a partir do tee, porque o seu driver parece estar a desenvolver uma relação sentimental com a água. Entretanto, porém, não deixe de ir para o campo bem munido de bolas… Forças Mantenha os olhos no chão ao bater a bola e não terá nunca razões para temer o que quer que seja (mas mantenha-os no chão, por favor). Fraquezas Facilmente apanhado pelo slice. Taco da sorte O chipper (já não se usam há 30 anos, mas os astros lá terão as suas razões…). Grande jogadores em cujo ombro pode ir chorar, pois hão-de estar igualmente aflitos (tirando que sabem mesmo jogar golfe)* Bobby Jones, Tom Lehman, Michael Campbell, Vijay Singh e Steve Stricker…

* contanto ainda estejam vivos

FEATURE. J, 13 de Setembro de 2009

publicado por JN às 16:48
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06 Setembro 2009

Foi o approach no buraco 2 do jogo de singles, no último dia da competição, que mudou tudo. Convocada como “escolha da capitã” Beth Daniel, Michelle Wie era desde o início o nome mais polémico da edição deste ano da Solheim Cup, disputada há duas semanas no campo de Rich Harvest Farms, em Sugar Grove, no estado americano do Illinois. Na sexta-feira, estivera razoável: em parceria com Morgan Pressel, empatara o seu four ball contra a dupla europeia formada por Catriona Matthew e Maria Hjorth. No sábado, estivera excelente: primeiro, na companhia de Christina Kim, vencera em four ball Helen Alfredsson e Tania Elosegui por um impressionante 5&4; depois, e em parceria com Cristie Kerr, ganhara em foursomes à dupla Anna Nordqvist/Maria Hjorth por 1 up. Por essa altura, já era, de todas as 24 jogadoras em competição, a que mais pontos acumulara (2,5). E, no entanto, muitos ainda duvidavam da legitimidade da sua chamada.

Até que chegou o jogo de singles – e, sobretudo, aquele buraco 2, par 5. Colocada perante a veterana sueca Helen Alfredsson, Michelle Wie abriu com um drive um pouco mais longo do que o da adversária, ganhando o direito a ser a segunda a bater o shot seguinte. Então, e quando estava ainda a mais de 230 metros da bandeira, Alfredsson bateu um ferro longo para uma distância inferior a três metros do buraco. Era a pancada perfeita, capaz de desmoralizar qualquer adversária. Mas Michelle não se deixou atemorizar: pegou também ela num ferro longo e deixou a sua bola mais perto ainda do buraco. Atrapalhada, a sueca falhou o putt para eagle. Confiante, Michelle Wie meteu o seu. Ficava então 1 up – precisamente a mesma vantagem que teria no fim do encontro, garantindo mais um ponto à sua conta pessoal (3,5 no final) e contribuindo decisivamente para a vitória da selecção americana (16-12).
Foi o come back do ano no golfe feminino. Nove anos depois do aparecimento precoce na alta roda do golfe mundial, quatro anos após tornar-se profissional e dois anos passados sobre o ocaso desportivo (embora não comercial), Michelle Wie está de volta. Pelo meio, deixou cair três elementos centrais na sua imagem e na sua actividade. Lembrada recorrentemente de que nunca ganhara nada de importante, preferindo viver como uma estrela de Hollywood à sombra da beleza física e do potencial técnico, começou por abdicar das mini-saias com que chamava a atenção dos fotógrafos e dos editores das revistas masculinas. Já este ano, anunciou que havia deixado a agência William Morris, vocacionada para o agenciamento de estrelas do mundo do espectáculo (e com uma carteira de clientes com nomes como os de Jon Bon Jovi, Leonardo DiCaprio ou Barbra Streisand, entre outros), para assinar contrato com a IMG, centrada no desporto.
Entretanto, deixou igualmente de referir-se tão persistente ao golfe masculino como a sua principal obsessão. E, inevitavelmente, o golfe feminino abriu-lhe os mesmos braços que sempre fechara. “Tenho a certeza de que ganhará um torneio ainda antes do final de 2009”, disse ainda há dias a veterana Julie Inkster, sua colega na equipa americana da Solheim Cup. Retomado o brilho do swing e claramente melhorado o jogo curto, Michelle tem agora aquele que é o maior desafio de sempre da sua carreira: vencer uma competição profissional. E o facto é que toda a América parece finalmente torcer por isso, convencida em definitivo de que não será uma mulher a ameaçar o reinado absoluto de Tiger Woods – e de que, de resto, Michelle nem sequer terá de ser uma versão feminina de Woods para ser a melhor jogadora do mundo.

Nascida em Honolulu, no Havai, Michelle Wie é filha de um casal coreano de classe média-alta: BJ Wie, professor universitário, e Bo Wie, antiga campeã nacional amadora de golfe da Coreia de Sul. Começou a jogar aos quatro anos, altura em que já batia a bola a mais de 90 metros de distância. Aos dez, colocou-se no mapa, ao tentar qualificar-se para o torneio sénior masculino Sony Open, habitualmente o segundo evento da temporada no PGA Tour. Ficou aquém do apuramento, acabando a ronda de qualificação com 84 pancadas, mas dominou as atenções. Nunca mais alguém deixaria de ouvir falar dela – e mais inevitável ainda se tornou essa conclusão quando, pouco depois, Wie se transformou na pessoa (rapariga ou rapaz) mais nova de sempre a classificar-se para um torneio sénior masculino da USGA, no caso o US Amateur Amateur Public Links Championship.
Quando chegou aos 12 anos, Michelle já tinha crescido para além dos 1,80 m, batendo frequentemente o driver acima dos 250 m. Tom Lehman, vencedor do British Open de 1996, passou pelo Havai, viu-a jogar e deu-lhe a alcunha de “The Big Wiesy” (trocadilho com a alcunha do sul-africano Ernie Els, de swing suavíssimo e enormes distâncias). E a miúda não o decepcionaria. Em 2002, e ainda com 12 anos, tornou-se na mulher mais jovem de sempre a qualificar-se para um torneio do LPGA, o Takefuji Classic, onde falhou o cut mas tornou a concentrar as atenções. Entretanto, dois outros brilharetes (nova tentativa de qualificação para o Sony Open, desta vez com um 47º lugar entre os 96 candidatos, e um extraordinário 9º lugar no major Kraft Nabisco Championship) fizeram o resto: Michelle tornava-se no mais sonante jovem prodígio da história do golfe, suplantando mesmo Tiger Woods.
O ano de 2003 foi excelente para ela. Com 13 anos e sucessivas isenções dos patrocinadores, Wie jogou uma série de eventos do LPGA e fez o cut em quase todos. Obcecada com a ideia de defrontar os homens, jogou ainda dois torneios masculinos, embora não tenha passado o cut em nenhum deles. Entretanto, ganhou aquele que foi o seu primeiro grande título: o Women’s Public Links Championship, que ninguém na sua idade havia vencido. E o sucesso prolongou-se por 2004, ano em que, sempre como amadora, jogou finalmente o masculino Sony Open (falhando o cut por apenas uma pancada, depois de fazer o par do campo nos dois primeiros dias), disputou até ao fim a vitória num torneio do LPGA (o predilecto Kraft Nabisco, que terminou em quarto lugar) e teve uma excelente prestação no US Women’s Open.
Em 2005, chegou a uma encruzilhada. Embora não se tenha saído tão bem como no ano anterior no Sony Open, que voltou a disputar com isenção dos patrocinadores, foi jogar o John Deere Classic (também do masculino PGA) e apenas falhou o cut no último buraco. Entretanto, chegou aos quartos-de-final do Public Links, de novo apenas contra homens, e começou a acumular excelentes resultados no LPGA, incluindo um segundo lugar no major LPGA Championship, atrás apenas de Annika Sorenstam. E, então, decidiu tornar-se profissional, no que poderá ter sido a pior porque precoce) decisão da sua ainda curtíssima carreira. Decisão imposta, naturalmente, pela enorme entourage que já então a rodeava, começando pelo pai, passando pelo treinador, pelo psicólogo e pelo agente, Jesse Derris, ex-porta voz de John Kerry e Howard Dean (candidatos democratas à Casa Branca) e novo colaborador da William Morris para a área do golfe.

Michelle Wie ganhou milhões com a passagem a profissional. Só da Nike e da Sony, vinham dez milhões de dólares de receitas anuais em patrocínios. E, se as coisas não correram muito bem no seu primeiro evento como profissional (o Samsung World Championship, em que foi desclassificada depois de um drop mal feito), a verdade é que, durante um ano, quase tudo o resto lhe correu bem, com sucessivos top 10 no LPGA e, enfim, o primeiro cut num torneio masculino (o SK Telecom, do Asian Tour), feito antes apenas conseguido pela coreana Se Ri Pak. Jovem, bonita e consciente do imenso potencial de marketing das suas longas pernas, que exibia sob curtíssimas mini-saias ou apertadas em justíssimos calções, Michelle estava então no topo do mundo. Mas nunca procurou o estatuto de membro da LPGA – e simplesmente não encontrou rede quando apareceram as derrotas, as lesões e as demais frustrações típicas de uma desportista em início de carreira.
Foram quase dois anos de ocaso. Primeiro nas competições masculinas, onde começou a acumular últimos lugares sobre últimos lugares. Depois, nas competições femininas também. Finalmente, na edição 2007 do Ginn Tribute Hosted By Annika, Wie bateu no fundo. Após uma longa série de más prestações, a jovem chegava ao fim do buraco 16 da primeira ronda com um total de 16 pancadas acima do par. Terminasse o dia com 88 pancadas ou mais e, na qualidade de uma não-membro da LPGA a jogar o torneio a convite dos patrocinadores, seria banida de todas e quaisquer provas do circuito durante dois anos. A certa altura, o pai, presente nas bancadas, chamou-a à parte. Os dois conferenciaram por instantes, numa conversa a que entretanto se juntaram também o caddie, a agente, o treinador, o médico e o psicólogo da jogadora. E, dali a instantes, a decisão era anunciada: Michelle Wie ressentira-se da lesão num pulso e tinha, portanto, de desistir.
Podia ter sido um importante toque a reunir, mas não foi. Ao todo, e durante mais cerca de um ano, Wie apenas bateu o par de um campo duas vezes. Mesmo nas competições femininas, falhou imensos cuts – e, quando não os falhava, acabava nas últimas posições dentro do cut. Entre o Verão de 2007 e o Verão de 2008, em que teve ainda de dividir as atenções entre o golfe e a faculdade (entretanto entrara para Stanford, a mesma universidade de Tiger Woods), não ganhou mais de 30 mil dólares em prize money. Até desqualificações em resultado da não assinatura do cartão de jogo lhe aconteceram. E só então começou a ser colocado em prática o plano que a traria de volta ao golfe: aquele em que o pai e o treinador e o psicólogo e toda o restante séquito assumiam em definitivo que o futuro da criança-prodígio passava por ser uma atleta, não uma estrela de cinema.
Para os que acompanham diariamente o mundo do golfe, é como se Michelle já aí andasse há uma eternidade. O facto é que está ainda a um mês de fazer 20 anos. Entretanto, e depois de ganho finalmente o cartão do LPGA Tour (com humildade, percorrendo todas as etapas de qualificação), a jogadora conquistou cinco top-10 nos seus primeiros 13 torneios da temporada, com mais de meio milhão de dólares acumulados em prize money e um confortável 17º lugar na ordem de mérito feminina americana, correspondente à 24ª posição no ranking mundial. Se esta paz durará muito, não se sabe. “No fundo, ela nunca deixou de ser um génio”, escreveu há dias o editorialista de golfe Peter Dixon, no “The Times”. “Deixem-na vencer um torneio e verão como o monstro explode outra vez. Nessa altura se verá o que ela cresceu. Ela e o seu querido paizinho.” Para já, e nas bancadas do LPGA Tour, vai-se entretanto gritando: “Yes Wie Can!”

 

 

MICHELLE WIE
NOME COMPLETO: Michelle Sung Wie
NASCIMENTO: 11 de Outubro de 1989, em Honolulu, no Havai (EUA)
ESTRUTURA FÍSICA: 1,85 m, 76 kg
PROFISSIONAL DESDE: 2005
PATROCINADORES: Nike e Sony
ALCUNHA: The Big Wiesy
VITÓRIAS COMO PROFISSIONAL: Solheim Cup 2009 (vitória colectiva)
PRESTAÇÃO NO GRAND SLAM: um 2º lugar (LPGA Championship 2005) e três T3 (Kraft Nabisco Championship 2006; US Women’s Open 2006; Women’s British Open 2005).
PRÉMIOS E DISTINÇÕES: Laureus World para a Revelação do Ano 2004; inclusão na lista das “100 Pessoas Que Moldam o Nosso Mundo”, elaborada pela revista Time em 2006

publicado por JN às 22:00
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01 Setembro 2009

Em Portugal, meia dúzia de ambientalistas de pacotilha conseguiram fazer parar a construção do novo campo de golfe público do Jamor. Na Venezuela, um socialista de polichinelo nacionalizou mais três campos de 18 buracos, em cujos terrenos pretende agora instalar parques infantis, bairros sociais e/ou campus universitários. De repente, o maravilhoso jogo dos greens e dos fairways parece mais cercado de inimigos do que nunca. O mais provável é que o esteja mesmo. E o que isso demonstra, necessariamente, é que a modalidade vive um dos melhores momentos da sua já longuíssima história.

A recessão internacional deixou a banca e a indústria automóvel em mau estado – e não é sem esforço que o golfe profissional tem vindo a resistir ao declínio da publicidade e do marketing. A seguir veio a gripe A, empenhada em destruir tudo o que de turismo houvesse conseguido sobreviver à recessão – e não tardou a que o golfe amador se visse a braços com maiores ameaças ainda do que aquelas que atingiam o profissional. E, no entanto, vai-se à lista dos atletas mais bem pagos do mundo, e Tiger Woods continua a liderar, com mais do dobro dos ganhos do segundo classificado, um pugilista. Entretanto, vai-se aos cem primeiros jogadores do ranking mundial, e não raras vezes se consegue encontrar ali golfistas de 20, 25, mesmo 30 nacionalidades diferentes.
O golfe é hoje um desporto global, com implantação por todo o mundo desenvolvido e um número crescente de praticantes em quase todo o mundo em vias de desenvolvimento. Não tem grande penetração em África, é verdade, mas isso há muitas outras modalidades que também não têm, das mais elitistas (como o ténis ou o pólo) às mais populares (como o ciclismo ou a natação). De resto, o golfe é rei na Europa, rei nos Estados Unidos, rei na Ásia e rei, mesmo, na América Latina. Se não é rei, é pelo menos príncipe. Se não é príncipe, é pelo menos marquês. É desporto a ter em conta, no fundo. Mais do que isso, aliás: é, em quase todos os casos, o desporto com maior grau de progressão nas últimas décadas.
É isso que irrita os ambientalistas – e é isso que irrita também os “novos socialistas” (a expressão é de Hugo Chávez, não minha). Curiosamente, o golfe cresce na China e torna a desenvolver-se em Cuba, mostrando-se absolutamente recomendável entre “velhos socialistas”. Mais curiosamente ainda, os ambientalistas portugueses aborrecem-se porque os golfistas da Grande Lisboa vão passar a ter um campo de golfe de 18 buracos a baixo preço, mas persistem num estranho silêncio, por exemplo, em relação ao mega empreendimento imobiliário de Tróia. Tontice a do Instituto do Desporto, claro: esqueceu-se de guardar no Jamor um canteiro de ervas daninhas a que se pudesse chamar “centro de interpretação ambiental”…
Complexo classista? Pois claro. Por outro lado, uma comparação entre o golfe e (por exemplo) o futebol, justamente chamado em Portugal de “desporto rei”, não deixa de revelar alguns pormenores curiosos – sobretudo para quem conhece um pouco de História. Inventado nos colégios ingleses, o futebol começou por ser um jogo de aristocratas, que só mais tarde o povo adquiriu. Inventado por pastores nos baldios da Escócia, o golfe começou por ser um jogo do povo, que só muito depois a aristocracia avocou. O que cada um deles mudou no coração dos convertidos, não sei. Sei que, se alguém alguma vez conseguiu comprar alguém, foi a nobreza a comprar a indulgência do povo com o futebol – e nunca o povo a comprar a indulgência da nobreza com o golfe.
No mundo do século XXI, sobra a boa vontade e escasseiam as boas intenções. Entretanto, entretemo-nos a vetar projectos, a impedir a criação de postos de trabalho e a promover o desperdício de milhões. Em nome do quê? Da boa vontade, diriam eles. Do complexo classista, diria eu. O que, no fim, significa a mesma coisa, independentemente do nome que se lhe dê: significa que, entre o sexo e a pornografia, continuamos a preferir uma boa pornochanchada. O que este século quer é bater boca – e pronto.

CRÓNICA DE GOLFE ("Tee Time"). Jornal do Golfe, Setembro de 2009

publicado por JN às 15:51

01 Setembro 2009

Mark Twain, o grande escritor americano do século XIX, dizia que o golfe era “um belo passeio estragado”. Winston Churchill, o herói aliado da II Guerra Mundial, também o detestava, comparando-o ao exercício de “procurar uma pastilha de quinino numa pradaria”. Robin Williams, actor de Hollywood, é o primeiro a aparecer numa pesquisa com a palavra “golf” no YouTube: para dizer o quão ridículo é a modalidade – e, aliás, o quão ridículos são os escoceses malucos que a inventaram.

E, no entanto, poucas vezes o jogo dos greens e dos fairways se terá debatido com um inimigo desta magnitude (ou, pelo menos, com este grau de rancor). Auto-proclamado “refundador do socialismo”, o presidente da Venezuela decidiu transformar o golfe num ícone do seu combate à propriedade privada e à vida “burguesa” em geral. Só em Agosto, nacionalizou três campos com o objectivo de os transformar noutra coisa qualquer. E, entretanto, promete levar muito mais longe a ofensiva.
“Eu respeito todos os desportos. Mas há desportos e há desportos”, vociferou, como habitualmente costuma fazer, no seu programa televisivo Aló Presidente!. “Querem dizer-me que este é um desporto do povo? Não é. É um desporto burguês!”, acrescentou, satirizando o hábito de usar buggy e acusando a modalidade de não fazer outra coisa senão “promover a preguiça”.
Nos últimos três anos, o número de campos de golfe na Venezuela decresceu de 28 para 22. Quase todos os campos encerrados ao público ficam em regiões petrolíferas mais ou menos remotas (nos estados de Monagas, Zulia e Falcón, mais concretamente) e pretendiam proporcionar aos técnicos e aos operários mineiros a possibilidade de se distraírem antes ou depois de uma jornada de trabalho.
Agora, três outros campos foram nacionalizados e de imediato deixados ao abandono, depois de o governo de Caracas ter sublinhado que a sua manutenção estava “longe de ser uma prioridade”. Entretanto, Chávez já estuda projectos alternativos para os terrenos em causa: um mega parque infantil para o espaço do Caraballeda GC e um bairro social (ou uma universidade) para o do Maracay GC. Ao mesmo tempo, um mega-projecto planeado para a Ilha Margarita, com layout de Robert Trent Jones Jr. e aprovação imediata da USGA, foi adiado sine die, por falta de financiamento.
“Não tenho intenções de tornar o golfe proibido. Mas é importante que o sector privado venezuelano perceba que chegou uma revolução socialista”, diz Chávez. As nacionalizações da “República Bolivariana” expandiram-se nos últimos meses do petróleo para áreas de actividade tão diversas como o cultivo do café, a criação de gado, a transformação do tomate, a produção de arroz e a indústria de conservas.
Curiosamente, a perseguição de Chávez ao golfe surge em claro contra-ciclo com as tendência verificadas nos outros grandes países socialistas (ou cripto-socialistas, ou meta-socialistas, ou o que seja), uma vez que a China está a investir em força na modalidade e Cuba começa a reforçar a sua parca oferta turística no sector. Mais do que isso, aliás: na Havana dos anos 60, e instalada em Cuba a Revolução Castrista, jogar golfe era precisamente um dos passatempos preferidos de Fidel e Che Guevara, que adoravam exibir o seu tosco putting para os fotógrafos de todo o mundo.
Isso mesmo lembraram a Chávez, há três anos, uma série de “revolucionários” apaixonados pela modalidade. Em 2006, o então presidente da câmara municipal de Caracas, Juan Barreto, tentou expropriar o campo de golfe do Caracas Country Clube, mas o facto de diversos apoiantes de proa do presidente (incluindo vários membros e ex-membros do seu executivo) fazerem parte da lista de sócios acabou por levar à suspensão do processo por ordem do próprio Hugo Chávez.
O mesmo Chávez, aliás, quebrou o protocolo durante uma visita à Índia, em 2005, ao bater algumas bolas num campo de golfe em New Dehli. E, porém, é duríssima, a actual perseguição. Numa recente visita ao estado de Aragua, o presidente aproveitou a presença das câmaras de televisão para evidenciar o seu ódio. “Continuas a jogar golfe, Isea?”, perguntou ao governador local (e seu ex-ministro), Rafael Isea. “Joguei golfe durante algum tempo, meu comandante. Mas já não jogo!”, respondeu o governador, obediente. “E quem joga golfe aqui, hoje em dia?”, perguntou de novo Chávez, agora para a audiência toda. Ninguém respondeu.
“Se esta decisão não for revertida, teremos perdido nove campos em apenas três anos. Isto num universo de 28 campos”, lamentou Júlio L. Torres, presidente da Federação Venezuelana de Golfe. A Venezuela nunca produziu um golfista de topo, mas em 2010 pode finalmente ter um jogador no PGA Tour: o jovem Jhonattan Vegas é por esta altura um dos homens mais em foco no Nationwide Tour norte-americano, liderando a tabela de apostas quanto aos novos jogadores para a FedEx Cup de 2010.

FEATURE. Jornal do Golfe, Setembro de 2009

publicado por JN às 15:40
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joel neto

Joel Neto nasceu em Angra do Heroísmo, em 1974. Publicou “O Terceiro Servo” (romance, 2000), "O Citroën Que Escrevia Novelas Mexicanas” (contos, 2002), “Al-Jazeera, Meu Amor” (crónicas, 2003) e “José Mourinho, O Vencedor” (biografia, 2004). Está traduzido em Inglaterra e na Polónia, editado no Brasil e representado em antologias em Espanha, Itália e Brasil, para além de Portugal. Jornalista, tem trabalhado... (saber mais)
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