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31 Janeiro 2010

O buraco 3, par 5, é em si próprio uma experiência. Com 622 metros de comprimento a partir das marcas brancas (601 das amarelas), é com um misto de orgulho e de ligeireza que ostenta o estatuto de maior da Península Ibérica “e um dos maiores da Europa”. E, no entanto, não se trata apenas de bater a bola em frente. Pode-se começar com o driver, claro – mas é preciso batê-lo direito: um nadinha à direita e a bola desaparece, um nadinha à esquerda e desaparece também. Depois, o quê – uma madeira 3? Lago quase de certeza, na melhor das hipóteses mato da direita (e bola perdida de novo). Valerá a pena, então, bater um ferro médio, seguido de um ferro curto para o green? E se fosse ao contrário das normas estabelecidas – um pitching wedge agora e, mais ali à frente, um ferro 7, quem sabe até um 8, evitando cair na vinha ou na horta que se escondem para lá e à esquerda do green? Em suma: confiamos nos nossos instintos ou é melhor voltar a fazer as contas?

Pois o nosso fim-de-semana no Minho, terra do vinho verde, começa por aqui: pelo belíssimo campo do Axis Golfe Ponte de Lima – e ainda bem que começa. Porque, cinco minutos depois, já estamos a aprender. Dizer que se trata de um campo difícil é eufemismo – é um campo sacana mesmo. Ousa-se um bocadinho e já está: bola perdida no mato. Relaxa-se um nadinha e já está também: sapo garantido na relva humedecida. Confiar na intuição é proibido: é preciso efectivamente medir as distâncias, recorrendo ao cartão e às marcas de tee e fairway, que as perspectivas são mais do que ilusórias. Se em algum campo português se pode dizer que tudo reside na escolha dos ferros, no fundo, é neste. Segredo: gerir o saco como a caixa de velocidades de um automóvel: reduções nas curvas, velocidades mais livres nas rectas – mas nunca cair na tentação da prise e, sobretudo, jamais perder o travão de vista.
Mestres de cerimónias: os irmãos Daniel e David Silva, a melhor dinastia da história do nosso golfe profissional. Desafiados a construir um campo championship na montanha, aproveitando retalhos de terreno dispersos por entre quintas ancestrais e vinhedos pitorescos, recusaram cingir-se ao que parecia haver e decidiram reinventar o espaço. Resultado: um retorcido par 71, com um back nine relativamente benigno, mas um front nine absolutamente desconcertante. Fazê-lo a pé é quase impossível. E, quando um homem chega finalmente à chu-house, confortável, cheia de luz e com uma belíssima vista sobre os mais bonitos fairways da segunda volta, traz duas certezas. A primeira é que, se o jogasse de novo, faria muito melhor. A segunda é que está definitivamente preparado para um fim-de-semana de descanso, tal o desafio a que se submeteu nas três ou quatro horas anteriores.

 

Espera-nos o Aquafalls Hotel & Spa, o primeiro (e único, até ao momento) hotel rural português a merecer a classificação de cinco estrelas – e chegar a ele, mesmo tratando-se da primeira vez, é como regressar a casa. À volta, São Miguel da Caniçada está envolvido em silêncio, agora que a noite caiu. Em baixo, o Cávado é apenas um brando rumor, de resto mal discernível na penumbra. Ao fundo, o Gerês é uma silhueta, não mais. E, no entanto, é como se todos eles estivessem ali connosco: a serra, o rio e a própria floresta – todos ali juntos para nos receberem, na suavidade das mãos que nos cumprimentam, no savoir faire das vozes que nos dão as boas-vindas, na ternura do silêncio, na intensa solidão das tempestades, nos campos alagados, nos sítios sem resposta de que falava o poeta.
Situado nos arredores de Vieira do Minho, a escassos 30 km de Braga, 85 km do Porto e não mais de 100 km de Tuy, na fronteira espanhola, o Aquafalls é pouco menos do que uma epifania. A respeitadíssima Tatler, revista britânica dedicada ao glamour e ao lifestyle, incluiu-o na sua lista dos 101 melhores hotéis de spa do mundo – e facilmente se percebe porquê. Ao todo, são dois quartos, ambos no edifício principal, e 22 suites dispersas por 11 bungalows, todos projectados pela arquitecta Rosário Rodrigues. E cada uma dessas suites é como que um pedaço do paraíso. De tipologia T1 e com terraço privativo, dispõem quase todos de casa de banho com duche e banheira independentes, dois ecrãs plasma (ambos com pacote completo de televisão por cabo, incluindo SportTV), acesso Internet de banda larga e tudo o mais que alguém possa pedir para um fim-de-semana de sonho. Pela manhã, e pedindo o pequeno-almoço no quarto, nem é preciso abrir a porta ao empregado: ao levantar já os croissants estaráo, com o jornal do dia ao lado, num pequeno alçapão lateral, com acesso por dentro e por fora.
Os jardins, embora ainda em crescimento, são outra descoberta. Pequenas alamedas de plátanos e ciprestes ligam recantos com choupos e laranjeiras – e dispersos pelo recinto estão uma quadra de ténis, um campo de mini golfe, um pequeno parque infantil, um miradouro, uma piscina exterior. Mas é lá dentro, no edifício principal, que reside o spa – e nós mal podemos esperar por experimentá-lo Até que pousam em nós aquelas mãos cálidas: duas mãos como se fossem uma só, massajando, dissolvendo-se e logo massajando noutro lugar – e, lentamente, o mundo vai desaparecendo no horizonte, os fracassos e os sucessos profissionais, as tensões e mesmo o amor, a viagem e o próprio jogo de golfe: tudo o que exista para além daquelas mãos e do corpo que elas manuseiam como se lhes pertencesse (ou as mãos a ele). E não é sem alguma frustração que evitamos o ginásio, a piscina e a sauna, a que facilmente recorreríamos só para termos um pretexto para voltar à massagem.

 

Optamos pelo almoço no Splendid, o restaurante do próprio hotel– e, então, o poeta volta a beijar-nos. Ao lado, janelões rasgados oferecem-nos o rio, a montanha, o horizonte. À nossa volta, os restantes hóspedes têm os olhos semi-cerrados – vêm igualmente do spa, naquele estado de cripto-consciência que é quase o espectro, não da morte, mas da vida eterna. E a comida é gloriosa, incluindo, por exemplo, uma perdiz estufada e um bacalhau com migas de broa por que vale esperar um ano inteiro, contanto que a recompensa seja exactamente aquela. Mérito de Jerónimo Abreu, o chef recrutado ao Tivoli Algarve – e mérito, já agora, de Eva, a nossa anfitriã do dia, com o seu riso fácil, o seu ar ao mesmo tempo despachado e ternurento e o seu sólido conhecimento da garrafeira, dos ingredientes a que Jerónimo Abreu recorre, dos significados daquela comida naquele lugar, naquela atmosfera casual chic, neste tempo que vivemos.
Voltamos para o nosso bungalow, para a sua base de granito, para o seu forro de madeira – e, pela primeira vez em muito tempo, dormimos pela tarde fora. Na dia seguinte, sim, partiremos pela região. Visitaremos a vila do Gerês, a montanha sobre ele e o incontornável miradouro da Pedra Bela. Passaremos a barragem, almoçaremos no célebre Abocanhado, em Brufe, e rezaremos uma oração junto ao santuário de São Bento da Porta Aberta, mesmo faltando-nos em absoluto a fé. No fim, deixamos os passeios de jipe e de moto 4, de barco e mota de água, de bicicleta e a pé para outra ocasião. Não levamos filhos na bagagem – e também por isso deixaremos a animação e o baby sitting para uma próxima visita. Acabamos simplesmente vagueando sem destino, pela Caniçada, entre as quintas de castanheiros e os vinhedos que se erguem no ar, às vezes parecendo árvores, outras iluminação natalícia.
No domingo à noite, enquanto fazemos as malas, uma última dúvida nos assalta: voltar já para a cidade ou ficar mais uns dias, ignorando as obrigações e os compromissos, conhecendo um pouco mais desta natureza bela e exuberante, feita de sucessivos anfiteatros debruçados sobre rios românticos e inesquecíveis, nas margens dos quais se aninham os restaurantes mais serenos e generosos – mergulhando na cabidela e nas papas de serrabulho, conhecendo os trilhos pedestres e, já agora, fazendo novo desvio a Ponte de Lima, para ajustar contas com um certo sacana que nos sacudiu como a mantas velhas? Acabamos por fazer-nos à estrada, na certeza de que todas as partidas têm um mérito: quem nunca partiu, não pode nunca voltar. O fim-de-semana perfeito é assim mesmo: aquele de que se parte ao mesmo tempo com a mágoa de partir e a certeza absoluta de que, em breve, se regressará.

 

 

MINHO

GEOGRAFIA: situada na zona noroeste de Portugal continental, é limitada a Norte e a Nordeste pela Galiza, a Este por Trás-os-Montes e Alto Douro, a Sul pelo o Douro Litoral e a Oeste pelo Oceano Atlântico.
VIGÊNCIA FORMAL COMO PROVÍNCIA: 1936-1976
SUB-REGIÕES: 4 (Minho-Lima, Cávado, Ave e Tâmega, as últimas duas partilhadas com a antiga província do Douro Litoral)
DISTRITOS: 2 (Braga e Viana do Castelo)
CONCELHOS: 24
ÁREA: 4928 km
POPULAÇÃO: 1,1 milhões de habitantes
PONTO MAIS ALTO: Serra do Gerês (1545 m)
OROGRAFIA: a costa é baixa e recortada, alternando os pequenos lanços de praia arenosa com os rochedos que as marés cobrem na maior parte da superfície; a zona montanhosa, em anfiteatro para o mar desde as serranias do Gerês, Marão e Montemuro, é cheia de vertentes alcantiladas, propícias ao desenvolvimento de espécies selvagens, sendo por isso uma das regiões do país com mais notáveis belezas naturais
PRINCIPAIS ACTIVIDADES ECONÓMICAS: agricultura (milho e vinha), indústria (têxteis, electricidade, electrónica, confecções, construções mecânicas, celulose, fiação e mobiliário) e serviços
ATRAÇÕES GASTRONÓMICAS: caldo verde, caldo de pobres, bacalhau à Gomes de Sá, bacalhau à lagareiro, bacalhau à Zé do Pipo, arroz de lampreia, angulas com toucinho, cascarra guisada, sável fumado, cabidela de miúdos, rojões, arroz de sarrabulho, arrozada de galerós, aletria, arroz doce, cavaca e sopa dourada, entre outras.
PRINCIPAIS CASTAS DE VINHO: Alvarinho, Arinto, Avesso, Azal Branco, Azal Tinto, Batoca, Borracal, Brancelho, Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Espadeiro, Loureiro, Merlot, Padreiro de Basto, Pedral, Rabo de Ovelha, Riesling, Trajadura e Vinhão.

 

 

AQUAFALLS SPA HOTEL RURAL

PROPRIEDADE: Aquafalls-Gestão e Exploração Hoteleira, Lda
ENDEREÇO: São Miguel, Caniçada, 4850-503 Vieira do Minho (GPS: 41º38’52’’N/8º12’20’’W)
INAUGURAÇÃO: 2008
CATEGORIA: 5 estrelas
DISTINÇÕES: primeiro hotel rural português a obter a categoria de 5 estrelas; “Chave de Ouro” do guia “Boa Cama, Boa Mesa”, do jornal “Expresso”
DIRECTOR: Maria Nunes da Ponte
SÍTIO OFICIAL: www.aquafalls.pt

INFRA-ESTRUTURAS E SERVIÇOS
QUARTOS: 2 quartos e 11 bungalows (num total de 22 suites)
ESPAÇOS: spa, restaurante, bar, sala de pequenos-almoços, auditório, piscinas interior e exterior, quadra de ténis, campo de mini-golfe, miradouro e jardins
ACTIVIDADES: ténis, mini-golfe, natação, caminhada, rotas temáticas, visitas a aldeias típicas, arborismo, desportos náuticos, passeios de bicicleta, passeios de todo-o-terreno, passeios de barco e passeios de moto de água
SERVIÇOS COMPLEMENTARES: estacionamento (gratuito), internet de banda larga em todo o recinto (wireless no edifício principal), personal trainer, baby sitting, lavandaria, loja Sisley, aluguer de buggies
TARIFAS: variáveis, consoante os programas e as épocas do ano (tabela de € 179 a € 324)
RESERVAS: 253.649.000 (tel), 253.649.009 (fax), info@aquafalls.pt(email)

RESTAURANTE (SPLENDID)
GASTRONOMIA: internacional e de autor
CHEF: Jerónimo Abreu
FUMADORES: não
RESERVAS: 253.649.000 (tel)
PREÇO MÉDIO: € 30 por pessoa

ACESSOS
SITUAÇÃO: 55 km a NE da cidade do Porto
ACESSOS: tomar EN 103 na direcção Chaves, cerca de 30 km após a saída de Braga, virar à esquerda na rotunda de Cerdeirinhas (direcção Parada de Bouro), cerca de 3,5 km depois cortar à direita na direcção São Miguel (Caniçada)

 

 

AXIS GOLFE PONTE DE LIMA

PROPRIEDADE: GPL Golfe Ponte de Lima, SA
ENDEREÇO: Quinta de Pias-Fornelos 4990-620 Ponte de Lima (GPS: 41º44’58’’N/8º34’25’’W)
INAUGURAÇÃO: 1995
DISTINÇÕES: não tem
PRINCIPAIS PROVAS: integrou o circuito da PGA Portugal em 1997 e 1998
DIRECTOR: Manuel Francisco Miguel
GOLF-PRO: Alfredo Cunha
Nº DE SÓCIOS: 580
SÍTIO OFICIAL: www.axishoteisegolfe.com

ARQUITECTURA
ARQUITECTOS: David e Daniel Silva
ÁREA: 33 ha
TIPO: montanha, parkland
BURACOS: 18
PAR: 71
COMPRIMENTO: 6005 (brancas), 5653 (amarelas), 4719 (vermelhas)
COURSE RATE: 69,8 (brancas), 67,7 (amarelas), 68,8 (vermelhas)
SLOPE RATE: 145 (brancas), 139 (amarelas), 135 (vermelhas)
DRIVING RANGE: sim
PITCHING GREEN: sim
PUTTING GREEN: sim

QUOTAS, GREENFEES E SERVIÇOS
GREENFEE ANUAL: € 770 (utilização ilimitada)
JÓIA DE INSCRIÇÃO: € 3000 de acção (sócio individual) € 6000 (sócio-empresa)
VOLTA DE 18 BURACOS: € 60 (todos os dias), fora convénios e descontos para jogadores federados (-20 %) e juniores (€ 25)
VOLTA 9 BURACOS: € 28 (todos os dias), convénios e descontos para jogadores federados (-20 %)
PROMOÇÕES ESPECIAIS: Pack de fim-de semana (€ 140, incluindo 2 noites de alojamento, 2 green fees, 2 lanches, 2 pequenos-almoços e 1 jantar; € 85 por cada acompanhante não jogador, com direito aos mesmos extras)
BUGGY: € 20 (9 buracos) € 35 (18 buracos)
CADDIE: não tem
TROLLEY ELÉCTRICO: não tem
TACOS DE ALUGUER: € 30
COURSE GUIDE: não tem
TOKEN: € 1 (25 bolas)
LIÇÕES: € 30 por 30 minutos; € 50 por 1 hora (€ 65 para 2 pessoas, € 80 para 3 pessoas)
MARCAÇÕES: 962.123.784

ACESSOS
SITUAÇÃO: 58 km a NE da cidade do Porto
ACESSOS: pela A3, sair na saída 11 para Ponte de Lima, tomar a EN 201 na direcção Braga e seguir as placas “Golfe”

REPORTAGEM. J, 31 de JANEIRO de 2010

publicado por JN às 23:37

24 Janeiro 2010

Abu Dhabi Golf Championship, Bob Hope Classic, Mitsubishi Electric Championship. É em torno destes três torneios, indexados respectivamente ao European Tour, ao PGA Tour e ao Champions Tour, que gravita o primeiro fim-de-semana de emissões do novo SportTV Golfe. Ao fim de onze anos de vida, ao longo dos quais investiu progressivamente no golfe como uma das suas modalidades “premium”, a SportTV avança em definitivo para a criação de um canal exclusivamente dedicado ao jogo dos greens e dos fairways. E o facto é: não há um só circuito, competição isolada ou grupo de torneios importantes que não esteja já programado para 2010.

“Será um dos dois ou três melhores canais do mundo a nível de conteúdos golfísticos. E as pessoas vão poder confirmá-lo rapidamente”, diz Bessa Tavares, administrador da SportTV. “No fundo, surge em linha com a cultura da empresa, já que lutamos sempre por ter os melhores conteúdos de todas as modalidades relevantes”, acrescenta. Os circuitos americano e europeu, as competições de senhoras e de seniores deste e do outro lado do Atlântico, os torneios do Grand Slam e as grandes provas colectivas, até circuitos marginais como o Sunshine Tour (África do Sul) ou o Asian Tour (Ásia, sobretudo Japão e Coreia do Sul) – está tudo garantido e pronto a ir para o ar assim que comecem os torneios.
O canal, disponível para todos os operadores de cabo e IPTV, custa € 9,99 para subscritores SportTV e € 19,99 para não subscritores SportTV (espaços públicos, como hotéis, restaurantes ou club-houses, já se sabe, pagam mais). Regra geral, serão cerca de 112 horas de antena por semana, a uma média de 16 horas por dia, com emissão entre as 14.00 e a 01.00 entre segunda e quarta-feira e entre as 08.00 e as 03.00 entre quinta-feira e domingo (salvo torneios que se arrastem um pouco mais, e que nunca deixarão de ser acompanhados até ao fim). A programação, dividida entre o HD e o SD (16:9), é bilingue, em português e inglês, podendo o próprio telespectador seleccionar a sua língua preferida na respectiva box. A supervisão do canal fica a cargo de Nuno Ferreira, director da SportTV, enquanto a coordenação de antena cabe a Pedro Martins.
“Não temos objectivos demasiado estaques quanto ao número de subscritores a atingir. Mas esperamos, em três anos, atingir um número significativo de assinantes – e, naturalmente, havendo 15 mil praticantes federados de golfe em Portugal, temos esse número como referência”, explica Bessa Tavares. “Nem tudo o que fazemos tem a ver com a lógica do lucro. Na situação de crise em que vivemos, esta é também uma forma de exercer alguma responsabilidade social, criando postos de trabalho e reforçando a visibilidade de uma área considerada estratégica para o turismo e para a própria economia nacional. É um serviço que prestamos. Para além de tudo, Portugal tem regiões permanentemente visitadas por muitos milhares de turistas de golfe – e será muito bom para eles estarem aqui sem deixarem de acompanhar as melhores competições internacionais.”
As transmissões, entre directos e diferidos, ocuparão cerca de 80 por cento da emissão. Para o futuro estão previstos vários programas de produção própria, quase sempre curtos e temáticos. No imediato, serão sobretudo os magazines internacionais, incluindo rescaldos e antevisões, a marcar o espaço entre transmissões. A lógica da programação prevê o directo e, depois, a reposição das imagens a horas mais convenientes para os praticantes amadores. Jack Nicklaus, o jogador mais titulado de sempre, será uma das estrelas em destaque nestes primeiros meses, nomeadamente nos três dias reservados sobretudo a compactos, rescaldos/antevisões e magazines (segunda, terça e quarta-feira).
“Vínhamos amadurecendo a ideia de há uns três anos a esta parte. Sabíamos que se tratava de um target muito específico, mas de enorme fidelidade. Por outro lado, se os nossos propósitos têm sido sempre cumpridos, isso também se deve ao facto de avançarmos com os novos projectos nas alturas certas, portanto nem tarde nem cedo de mais. E esta parece-nos a altura certa para criar o SportTV Golfe”, comenta Bessa Tavares, que, como é habitual, não faz comentários sobre o investimento envolvido. “De resto, e embora tanto eu como o presidente da empresa, Joaquim Oliveira, sejamos praticantes de golfe, nunca são os nossos gostos pessoais a motivar as opções de gestão. Para isso, eu estaria sempre a tentar que passássemos atletismo, que foi a modalidade que mais pratiquei e de que, de resto, fui comentador durante muitos anos.”
O regresso (ou não) de Tiger Woods à competição, a tentativa de assalto de Phil Mickelson ao primeiro lugar do ranking mundial, os esforços de Lee Westwood para defender o seu título na Race To Dubai, os preparativos para a Ryder Cup (e depois os jogos da mesma), as ascensão de jovens estrelas como Rory McIlroy ou Ryo Ishikawa, o empenho de promessas recentes (como Sergio García, Adam Scott, Andres Romero ou Hunter Mahan) num regresso às vitórias ou a luta do português Filipe Lima para entrar em definitivo na elite do golfe mundial – eis algumas das expectativas que dominarão este primeiro ano de transmissões. “Naturalmente, vamos acarinhar os melhores profissionais portugueses. Os que disputarão o Challenge Tour e, claro, o Filipe Lima, que é o nosso único representante no European Tour”, diz Bessa Tavares. “Por outro lado, também sabemos que não podemos dominar todas as variáveis. É importante que os jogadores, os promotores e as próprias autoridades públicas se empenhem em promover a modalidade. E é importante, por exemplo, desenvolver o golfe junto das crianças, dos adolescentes e das senhoras.”
Com o novo canal de golfe, o universo SportTV passa a dispor de seis canais diferentes, incluindo os canais SportTV 1, 2 e 3, SportTV HD e SportTV África. “Mas haverá mais novidades no futuro. A nossa lógica é sempre a da expansão. Queremos ser sempre percursores, como ainda recentemente o provámos, ao tornarmo-nos numa das primeiras estações da Europa com HD”, sublinha Bessa Tavares. A nova frequência foi apresentada sexta-feira, numa gala pontuada pelas mensagens de incentivo das super-estrelas Pádraig Harrington ou Paul McGuinley, que, tal como outros grandes jogadores mundiais, se apressaram a associar o seu nome ao arranque do canal. O SportTV Golfe estará disponível durante alguns dias, de forma gratuita, para os subscritores SportTV, sendo depois codificado. Os restantes canais SportTV continuarão a exibir algum golfe, mas a maior parte dos esforços da estação, quanto à modalidade, passarão a ser canalizados para a frequência especializada.

 

 

NÃO, ISTO NÃO É TUDO O QUE PODERÁ VER EM 2010…

… é apenas uma pequena parte. Mas é também aquilo que não pode, de maneira nenhuma, perder. Portanto, programe o seu ano à medida. E nem pensar em marcar férias, convenções de vendas ou simpósios de estomatologia para o Verão, pois entre Junho e Outubro há três majors, os playoffs da FedEx, os melhores torneios da Race To Dubai e a 38ª Ryder Cup.


GRAND SLAM

DATAS TORNEIO CAMPO CAMPEÃO EM TÍTULO PRIZE MONEY
08-11/04 Masters Tournament Augusta National GC, Augusta, Georgia, EUA Ángel Cabrera € 5,1 milhões
17-21/06 U.S. Open Championship Pebble Beach Golf Links, Pebble Beach, Califórnia, EUA Lucas Glover € 5,5 milhões
15-18/07 British Open Championship Old Course, Saint Andrews, Escócia Stewart Cink € 6,3 milhões
12-15/08 PGA Championship Whristling States, Kohler, Wisconsin, EUA Y.E. Yang € 5,3 milhões


RACE TO DUBAI

DATAS TORNEIO CAMPO CAMPEÃO EM TÍTULO PRIZE MONEY
21-24/01 Abu Dhabi Golf Championship Abu Dhabi GC, Abu Dhabi, Emiratos Árabes Unidos Paul Casey € 2,3 milhões
28-31/01 Commercialbank Qatar Masters presented by Dolphin Energy Doha Golf Cub, Doha, Qatar Álvaro Quiros € 2,5 milhões
04-07/03 Maybank Malaysian Open Kuala Lumpur Golf& Country Club, Kuala Lumpur, Malásia Anthony Kang € 2 milhões
22-25/04 Ballantine’s Championship Pinx GC, Jeju Island, South Korea Thongchai Jaidee € 2,2 milhões
30/04-03/05 Open de España Real Club de Golf de Sevilla, Sevilha, Spain Thomas Levet € 2 milhões
25-28/06 BMW PGA Championship Wentworth Club, Surrey, England Paul Casey € 4,5 milhões
24-27/06 BMW International Open Golfclub München Eichenried, Munich, Germany Nick Dougherty € 2 milhões
01-04/07 Open de France Alstom Le Golf National, Paris, France Martin Kaymer € 4 milhões
08-11/07 The Barclays Scottish Open Loch Lomond GC, Glasgow, Scotland Martin Kaymer € 3 milhões
07-10/10 Alfred Dunhill Links Championship Old Course, St Andrews, Carnoustie & Kingsbarns, Fife, Scotland Simon Dyson € 3,6 milhões
25-28/11 Dubai World Champiosnhip Earth Course, Jumeirah Golf Estates, Dubai, United Arab Emirates Lee Westwood € 5,2 milhões


WORLD GOLF CHAMPIONSHIPS

DATAS TORNEIO CAMPO CAMPEÃO EM TÍTULO PRIZE MONEY
17-21/02 Accenture Match Play Championship Ritz-Carlton GC-Dove Mountain, Marana, Arizona, EUA Geoff Ogilvy € 6,7 milhões
11-14/03 CA Championship Doral Golf Resort & Spa-A Marriott Resort, Doral, Florida, EUA Phil Mickelson € 6,7 milhões
05-08/08 Bridgestone Invitational Firestone CC (South Course), Akron, Ohio, EUA Tiger Woods € 6 milhões
04-07/11 HSBC Champions Sheshan International GC, Shanghai, China Phil Mickelson € 4,6 milhões


FEDEX CUP (PLAYOFFS)

DATAS TORNEIO CAMPO CAMPEÃO EM TÍTULO PRIZE MONEY
26-29/08 The Barclays Ridgewood CC, Paramus, New Jersey, EUA Heath Slocum € 5,5 milhões
03-06/09 Deutsche Bank Championship TPC Boston, Norton, Massachusetts, EUA Steve Stricker € 5,5 milhões
09-12/09 BMW Championship Cog Hill G&CC, Lemont, Illinois, EUA Tiger Woods € 5,5 milhões
23-26/09 The Tour Championship presented by Coca-Cola East Lake GC, Atlanta, Georgia, EUA Phil Mickelson € 5,5 milhões


TORNEIOS EM PORTUGAL

DATAS TORNEIO CAMPO CAMPEÃO EM TÍTULO PRIZE MONEY
01-04/04 Estoril Open de Portugal Penha Longa GC, Linhó, Sintra Michael Hoey € 1 milhão
08-11/04 Madeira Islands Open BPI Porto Santo Golfe, Porto Santo, Madeira Tano Goya € 0,7 milhões
14-17/10 Portugal Masters Oceânico Victoria Golf Course, Vilamoura Lee Westwood € 3 milhões

 

COMPETIÇÕES COLECTIVAS

DATAS TORNEIO CAMPO CAMPEÃO EM TÍTULO PRIZE MONEY
01-03/10 Ryder Cup Celtic Manor Resort, City of Newport, País de Gales EUA –
25-28/11 Omega Mission Hills World Cup Mission Hills GC-Olazabal Course, Shenzen, China Itália (Francesco Molinari/Edoardo Molinari) € 4 milhões

 

 

GLOSSÁRIO

Confuso sobre o que representam os diferentes circuitos, aquilo que os separa e os pontos em que eles se cruzam? Eis uma síntese. A SportTV já garantiu os direitos sobre todos eles.

PGA Tour
Circuito americano, que culmina na entrega da FedEx Cup e inclui uma Regular Season (de Janeiro a Agosto), os Playoffs da FedEx Cup, vários Featured Events e uma Fall Series. A SportTV Golfe tem o pacote todo.

European Tour
Circuito europeu, que percorre quase trinta países em quatro continentes, ao longo do qual se disputa a Race To Dubai. A SportTV Golfe tem igualmente o pacote todo.

Men’s Grand Slam
Conjunto dos quatro torneios mais importantes do mundo, também chamados majors, incluindo três disputados nos Estados Unidos (o The Masters de Abril, o US Open de Junho e o PGA Championship de Agosto) e um no Reino Unido (o British Championship de Julho). A SportTV Golfe vai passar tudo.

Ryder Cup
Competição bienal que opõe a Europa aos Estados Unidos e é habitualmente reconhecida como o maior e mais importante evento do calendário golfístico. Este ano disputa-se a sua 38ª edição, em Outubro, no País de Gales. E passará na SportTV Golfe, claro.

World Golf Championships
Conjunto dos quatro torneios mais importantes depois dos quatro majors, incluindo o Accenture Match Play Championship de Fevereiro, o CA Championship de Março, o Bridgestone Invitational de Agosto e o HSBC Champions de Novembro. O SportTV Golfe já garantiu tudo também.

President’s Cup
Segunda mais importante competição colectiva masculina, opõe os Estados Unidos ao Resto do Mundo (exceptuando a Europa) nos anos em que não há Ryder Cup. Não se disputa este ano, mas a SportTV Golfe já detém os direitos para as transmissões das próximas edições.

LPGA
Circuito feminino americano, onde brilham a mexicana Lorena Ochoa, uma constelação de estrelas sul-coreanas e algumas das melhores jogadoras europeias. A SportTV Golfe garantiu os direitos sobre a competição toda.

Ladies European Tour
Circuito feminino europeu, é o segundo circuito feminino mais importante do mundo. A SportTV Golfe garantiu igualmente os direitos sobre a competição toda.

Ladies Grand Slam
O golfe feminino está menos unificado do que o golfe masculino, com os diferentes circuitos a reconhecerem diferentes torneios como majors. Regra geral, porém, entende-se como Grand Slam os quatro torneios reconhecidos pela LPGA (o The Kraft Nabisco Championship de Março/Abril, o The McDonalds LPGA Championship de Junho, o The U.S. Women's Open de Junho/Julho e o The Ricoh Women’s British Open de Agosto), juntando-se-lhe entretanto o Evian Masters de Julho. A SportTV Golfe tem os direitos de todos eles.

Solheim Cup
Equivalente feminino da Ryder Cup, opõe bienalmente a Europa aos Estados Unidos. Não se disputa este ano, mas a SportTV Golfe já detém os direitos para as transmissões das próximas edições.

Champions Tour
Circuito sénior americano, destinado a jogadores com mais de 50 anos de idade, apresenta algumas das maiores lendas do golfe mundial, incluindo Tom Watson, Tom Kite, Bernhard Langer, Fred Couples, Brad Faxon ou mesmo (embora apenas ocasionalmente) Jack Nicklaus, Arnold Palmer ou Gary Player. A SportTV Golfe garantiu o pacote todo.

Senior Tour
Equivalente europeu do Champions Tour, e igualmente destinado a jogadores com mais de 50 anos de idade, apresenta algumas das maiores lendas do golfe europeu. A SportTV também garantiu o pacote todo.

The Senior Grand Slam
Conjunto dos quatro torneios para seniores mais importantes do mundo, também chamados majors, incluindo o Senior PGA Championship, U.S. Senior Open, o Senior Players Championship e o Senior British Open. O SportTV Golfe vai passar tudo.

Challenge Tour
Segunda divisão do golfe europeu. A SportTV detém os direitos sobre todas as provas.

Sunshine Tour
Circuito sul-africano. A SportTV detém igualmente os direitos sobre todas as provas.

Asian Tour
Circuito asiático. A SportTV também detém igualmente os direitos sobre todas as provas.

FEATURE. J, 24 de JANEIRO de 2010

publicado por JN às 16:24
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17 Janeiro 2010

“Houve jogadores com swings mais bonitos do que o de Jack Nicklaus”, escreveu Ken Bowden depois da vitória de Nicklaus no The Masters de 1986, aos 46 anos. “Talvez tenha havido quem batesse melhor na bola do que Jack Nicklaus. Houve, de certeza, golfistas com melhor jogo curto do que Jack Nicklaus. É mesmo possível que tenha havido jogadores mais compenetrados e competitivos do que Jack Nicklaus. Mas nenhum indivíduo foi capaz de desenvolver, combinar e sustentar todas as imensas habilidades físicas e todos os incontáveis recursos mentais e psicológicos que o golfe exige ao nível a que Jack Nicklaus o conseguiu, durante o tempo que Jack Nicklaus o conseguiu.”

As palavras talvez se tenham desactualizado um pouco. O surgimento de Tiger Woods desactualizou muito do que se escreveu até então – e, para muitos, é já Woods, e não Nicklaus, o melhor jogador dos mais de 250 anos do golfe moderno. O próprio “Urso Dourado”, aliás, já o admitiu: nunca houve ninguém como Tiger Woods. Mas, tal como Pelé permanece Pelé apesar de Maradona, Jack Nicklaus permanece, apesar de Tiger, Jack Nicklaus: o mais titulado jogador da história da modalidade, com 114 vitórias como profissional e um recorde absoluto de 18 triunfos em torneios do Grand Slam. E, num momento em que Tiger (que tem 14 vitórias em majors) se encontra com a actividade suspensa, determinado a dedicar-se à família na ressaca do mega escândalo sexual que abalou o golfe mundial no final de 2009, já não parece tão certo quanto antes que esse recorde será batido.
Jack Nicklaus completa esta quinta-feira 70 anos, e o mundo do golfe faz uma pausa para homenageá-lo. Sobre ele e o seu maior rival de sempre, Arnold Palmer, escreveu um dia a “Time Magazine” uma blague que permanece até hoje incontornável: “Quando Deus criou Jack Nicklaus e Arnold Palmer, virou-se para Nicklaus e disse: ‘Serás o maior que o jogo alguma vez viu.’ Depois virou-se para Palmer e acrescentou: ‘Mas toda a gente te amará mais a ti.’” A Palmer, que no ano passado completou 80 anos, chama-se há muito tempo simplesmente “O Rei”. A alcunha de Nicklaus é mais modesta: começou por ser “O Urso”, devido à sua silhueta entroncada – e só depois, quando os troféus relativos aos majors começaram a acumular-se na sua estante, foi mudada para “O Urso Dourado”. Mas quem esteve “lá dentro” com ele sabe-o bem: Jack é único. “É a melhor mente que este jogo alguma vez conheceu”, disse um dia o sul-africano Garry Player, outro dos seus maiores rivais em campo (e maiores amigos fora dele, tal como Palmer).
Nascido em Upper Arlington, subúrbio de Columbus, no Ohio, Jack Nicklaus foi introduzido no golfe pelo pai, um farmacêutico que mais tarde viria a dedicar-se em exclusivo à sua carreira. As 12 anos venceu o primeiro de cinco Ohio State Junior Championships consecutivos. Aos 13 jogou pela primeira vez abaixo das 70 pancadas. Aos 14 fez o seu primeiro hole-in-one em competição. Aos 19 venceu o primeiro de dois US Amateurs consecutivos. Ainda chegou a pensar permanecer amador, imitando o seu ídolo Bobby Jones, mas veio a compreender que, para ser reconhecido com o melhor de todos, precisava de defrontar semanalmente os melhores. Aos 21, portanto, tornou-se profissional. E, então, abriu a caixa de Pandora. Logo no primeiro Verão, venceu o US Open, num play-off épico contra Arnold Palmer. Foi o seu primeiro triunfo como profissional – e, de alguma forma, isso colar-se-lhe-ia à pele para sempre. O Grand Slam seria o seu palco preferido.
Não era um grande jogador de putter, embora tenha conseguido muitos putts importantes: era sobretudo um excelente jogador de fairway, com grande capacidade estratégica, um número nunca superado de greens in regulations e, aliás, uma assumida predilecção pelo jogo conservador (desde que isso lhe trouxesse vantagens). “Era um bom jogador de dois putts”, recordaria o próprio, numa entrevista feita em 2005, depois do abandono definitivo dos greens. “Tinha muito medo dos três putts e, por isso, evitava ser agressivo. Mas acho que não me dei mal assim.” Venceu majors ao longo de exactamente um quarto de século, terminando apenas no referido de Masters de 1986 (permanece, aliás, o jogador mais velho a vencer em Augusta, embora Kenny Perry quase o tenha destronado em 2009). E dominou o golfe mundial durante todo esse tempo e mais algum, apenas se deixando suplantar quando a geração de Severiano Ballesteros, Tom Watson, Tom Kite, Payne Stewart, Nick Price e Nick Faldo tomou conta da modalidade.
Na Ryder Cup, jogou seis vezes e foi capitão outras duas. Ao todo conseguiu seis vitórias e um empate, cedendo apenas uma derrota (como capitão). A história do empate, em 1969, fica para os anais do golfe. Fora a mais equilibra Ryder Cup em décadas, e o último match deixava-o frente-a-frente com Tony Jacklin, o multi-campeão britânico. No green do 18, Jack meteu o putt que garantia pelo menos o empate final, permitindo aos EUA reter a taça mesmo sem vencer a competição. Jacklin, que vinha batendo muito mal o putt, tinha então uma pancada de 90 cm para confirmar o empate. Jack olhou-o, nervoso – e decidiu conceder o putt. Mais tarde, explicou-o assim: “Tenho a certeza de que o Tony meteria o shot. Mas, àquela distancia, eu nunca lhe permitiria que o falhasse.” Ainda hoje o momento é recordado como um dos mais nobres gestos da história do jogo.
Definitivamente retirado há cinco anos, depois de um The Masters e de um British Open ao longo de cujos dois primeiros dias (não passou o cut em nenhum deles) foi ovacionado de pé, Jack é hoje, a par de Arnold Palmer, uma das figuras mais importantes do golfe mundial. Tem o seu próprio torneio no PGA Tour (o Memorial Tournament), lidera uma série de projectos filantrópicos e é um dos mais activos course designers do mundo. “Estou a descobrir agora, mais do que em qualquer outra altura, de que o jogo a que dedicamos a nossa vida pode continuar a preencher-nos mesmo sem batermos uma bola que seja”, diz à revista “Golf World” do próximo mês, a propósito do 70º aniversário. “Mas, embora jogue hoje apenas uma vez por mês, ainda é provável que leve os meus amigos a Augusta na Primavera. E, quando subir ao tee do 16, ainda vou ter um objectivo na minha cabeça”, acrescentou. O objectivo: evitar ir à água e falhar na intenção de acabar com um score inferior à sua idade, como lhe aconteceu no ano passado, ao fazer um duplo bogey que o impediu de terminar com um 68.

 

 

JACK NICKLAUS
Nome:
JACK WILLIAM NICKLAUS
Alcunha: THE GOLDEN BEAR (“O URSO DOURADO”)
Nascimento: 21 DE JANEIRO DE 1940 EM COLUMBUS, OHIO
Profissional desde:
1961
Vitórias como profissional:
114 (19 COMO SÉNIOR)
Vitórias no Grand Slam: 18 (THE MASTERS 1963, 1965, 1966, 1972, 1975 E 1986; US OPEN 1962, 1967, 1972 E 1980; BRITISH OPEN 1966, 1970 E 1978; PGA CHAMPIONSHIP 1963, 1971, 1973, 1975 E 1980)
Desempenho na Ryder Cup: 8 PARTICIPAÇÕES, 6 COMO JOGADOR (5 VITÓRIAS E 1 EMPATE) E 2 COMO CAPITÃO (1 VITÓRIA E 1 EMPATE)
Prémios e distinções: 8 VEZES VENCEDOR DA LISTA DE PRÉMIOS MONETÁRIOS DO PGA; 5 VEZES VENCEDOR DO TROFÉU PARA O JOGADOR DO ANO DO PGA TOUR; INCLUÍDO NO WOLD GOLF HALL OF FAME EM 1974; ELEITO MELHOR JOGADOR DO SÉCULO XX PELAS INSTITUIÇÕES CENTURY/MILLENNIUM BY ASIAN GOLF MONTHLY, ASSOCIATED PRESS, BRITISH BROADCASTING COMPANY, GOLF DIGEST, GOLF MAGAZINE, GOLF MONTHLY MAGAZINE, GOLFWEEK, GOLF WEB, GOLFWORLD, INTERNATIONAL ASSOCIATION OF GOLF TOUR OPERATORS, PGA TOUR.COM E TODAY’S GOLFER; FEITO DOUTOR HONORIS CAUSA PELA UNIVERSIDADE DO OHIO E PELA UNIVERSIDADE DE SAINT ANDREWS; VENCEDOR DA MEDALHA PRESIDENCIAL DA LIBERDADE, ATRIBUÍDA PELO PRESIDENTE DOS EYA (2005); OUTROS 87 PRÉMIOS E DISTINÇÕES DE CLASSE MUNDIAL
Outros recordes: JOGADOR COM MAIS PARTICIPAÇÕES EM MAJORS (164), JOGADOR COM MAIS SEGUNDOS LUGARES EM MAJORS (19, JOGADO COM MAIS TOP-TEN EM MAJORS (73)JOGADOR COM MAIS CUTS CONSECUTIVOS FEITOS EM MAJORS (39, EX-AEQUO COM TIGER WOODS)

 

 

MONTE REI: JACK NICKLAUS EM PORTUGAL

Houve um tempo em que a ultrapassagem de todos recordes de Jack Nicklaus por Tiger Woods parecia inevitável. Hoje, não será tanto assim. E, no entanto, o Urso Dourado já se empenhou em levantar altíssimas fasquias noutras áreas onde Woods é, para já, apenas um aprendiz. Uma delas é o course design, onde desde 1970 se vem destacando com autor de alguns dos mais belos e desafiantes campos do mundo. Ao todo, a Nicklaus Design (propriedade de Jack e de quatro dos seus cinco filhos) tem 366 campos em funcionamento, mais outros 120 em fase de projecto. Dois são portugueses. Um deles, o Vila Lago Monsaraz Golf & Nautic Resort, planeado para a área do Alqueva, ainda está longe da inauguração. Outro funciona desde 2007: o campo do Monte Rei Golf & Country Club, no Pocinho, concelho de Vila Real de Santo António, às portas de Vila Nova de Cacela. A abertura ocorreu em Junho de 2007. Os greenfees são altos (entre os € 150 e os € 190) e a promoção é feita sobretudo no estrangeiro, pelo que são ainda escassos os golfistas portugueses que já o experimentaram. E, porém, quando se fala dos campos que poderão receber a Ryder Cup de 2018, caso Portugal venha efectivamente a ganhar a corrida ao papel de anfitrião, é um dos primeiros palcos que nos vêm à memória. Porque se trata, de facto, de um prodígio de campo. Com 18 buracos e par 72, o Monte Rei espraia-se elegante por cerca de 90 hectares de vales e montanhas repletos de lagos perfeitos, bunkers esculpidos e fairways delimitados por vegetação endémica e cuidada. O vento é omnipresente. Os greens são minúsculos e de leitura difícil. Nem um só stance é a direito, obrigando a esquecer quase tudo o que se traz memorizado do driving range. Mas as vistas para a Serra do Caldeirão e para o oceano são fabulosas E o requinte é total: valets parqueiam os automóveis dos jogadores; os buggies, obrigatórios, estão incluídos no greenfee, assim como o stroke saver, os tees, os pitch forks, as garrafas de água e um número ilimitado de bolas de prática; toalhas com pedrinhas de gelo são oferecidas aos jogadores por volta dos buracos 6 e 12; e, no final, cada golfista é presenteado com uma bag tag gravada com o seu nome e a data em que o visitou. Um campo à medida do seu arquitecto, no fundo: perfeito.

(destaques)

O próprio “Urso Dourado” já o admitiu: nunca houve ninguém como Tiger Woods. Mas, tal como Pelé permanece Pelé apesar de Maradona, Jack Nicklaus permanece, apesar de Tiger, Jack Nicklaus: o mais titulado jogador da história do golfe

Escreveu a “Time Magazine”: “Quando Deus criou Jack Nicklaus e Arnold Palmer, virou-se para Nicklaus e disse: ‘Serás o maior que o jogo alguma vez viu.’ Depois virou-se para Palmer e acrescentou: ‘Mas toda a gente te amará mais.’”

FEATURE. J, 17 de JANEIRO de 2010

publicado por JN às 23:49
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10 Janeiro 2010

“Tradicionalmente, uma mulher que case com um golfista tem apenas três hipóteses para ocupar condignamente os seus fins-de-semana”, diz Fernanda Leiras, 41 anos e handicap 29. “Ou se junta a ele em campo, ou troca de marido – ou, então, não casou por amor e, de cada vez que o marido vai jogar, é uma bênção em casa.” Pois o estigma começa finalmente a mudar. Todas as mulheres portuguesas, casadas ou não com golfistas, têm agora à disposição uma quarta hipótese ainda: um circuito de golfe só para elas, sem anedotas misóginas ou expressões jocosas como “viúvas de golfe” – e, aliás, com pompa e circunstância suficientes para persuadir os maridos e os namorados a, de vez em quando, serem eles próprios a ocuparem-se das crianças durante um fim-de-semana.
A experiência arrancou em 2009 – e tem sido um sucesso. Por iniciativa de Francisca Osório, dirigente do Nortada Golf Club e nova responsável pelo também novo departamento para o Desenvolvimento do Golfe Feminino, da Federação Portuguesa de Golfe, foram realizados no ano passado três torneios, o primeiro com 25 senhoras inscritas, o segundo com cerca de 30 e o último já com mais de 50. A ideia é promover agora a criação de um verdadeiro circuito, incluindo diferentes torneios, diferentes modelos de classificação, diferentes competições anuais e diferentes campeões anuais também. “A resposta das senhoras foi fantástica, não só no que diz respeito a jogadoras experimentadas, mas também no que concerne às iniciadas, que encontraram, de repente, um incentivo à sua integração”, diz Francisca.
Fernanda Leiras, delegada comercial, divorciada e com um filho, foi uma dessas iniciadas a aderir. Golfista há três anos, recebeu um SMS com a marcação do primeiro torneio – e inscreveu-se de imediato. Sócia do ACP Golfe, chegou a suspender a actividade na segunda metade de 2009, “por motivos financeiros”, mas ainda dedicou uma semana de férias a trabalhar gratuitamente como marshall no Portugal Masters, só para manter-se perto do golfe. Agora, quer competir no circuito feminino todo em 2010. “Foi tudo muito bem organizado e as senhoras estavam muito motivadas. Às vezes diz-se que as senhoras não gostam de golfe, mas não é assim. Na verdade, ninguém que não conheça o golfe gosta dele. O golfe é como a comida japonesa: é preciso experimentar várias vezes até lhe tomar o gosto. Só que, depois, não se quer outra coisa.”
Experiência semelhante viveu Elza Alves, 37 anos, separada, também mãe de um filho e também voluntária no Portugal Masters. Sócia do Citynorte, Elza participou igualmente apenas no primeiro torneio do ano, em que de resto acabou em segundo lugar – mas espera também fazer o circuito completo em 2010. “As mulheres têm menos disponibilidade. Quando ambos os elementos de um casal jogam golfe e há filhos pequenos, é natural que seja a mulher a abdicar da modalidade para ficar a cuidar das crianças. Se a mulher vive sozinha com a criança, pior ainda. Mas a Francisca está a fazer um bom trabalho no desenvolvimento de soluções à nossa medida – e é natural que apareçam cada vez mais senhoras interessadas neste circuito. Nós também adoramos jogar golfe”, explica.
Chegada ao golfe há seis anos, Francisca Osório começou na direcção do Nortada Golf Club, passou a acumular a tarefa com a vice-presidência da Associação de Golfe do Norte de Portugal – e, entretanto, foi recrutada por Manuel Agrellos para integrar a estrutura directiva da FPG. Em pouco tempo, contactou clubes, patrocinadores e jogadoras – e, no fim, nem sequer se esqueceu de reservar um tanto para a beneficência, na intenção clara de sublinhar as preocupações sociais das golfistas portuguesas. Nos torneios de 2009, as tômbolas de prémios não ofereciam drivers, fins-d-semana no Algarve ou test drives com os últimos modelos das melhores marcas automóveis: ofereciam spas, tratamentos de beleza, artigos para o lar, pijamas de senhora e até cestas de fruta. E cinco euros de cada inscrição reverteram para a Associação Laço, centrada na luta contra o cancro da mama.

"Desde o início quisemos associar este circuito a uma causa importante. Tendo tido conhecimento de que, no ano anterior, o Clube de Golfe do Estoril se tinha já associado à Laço para um primeiro torneio conjunto, entrei em contacto com a Teresa Matta [capitã de equipa de Senhoras do Estoril GC, ndr], mostrando interesse em participar nesse evento, onde poderia fazer entrega do valor angariado no Circuito de Golfe Feminino do Norte”, conta Francisca. “Uma pequena delegação do Norte, composta pela Mafalda Magalhães e por mim, teve o prazer de estar presente na segunda edição desse magnífico evento, que se realizou em Novembro.” Ao todo, e neste primeiro ano, foram reunidos menos de 500 euros – mas a ideia é exponenciar esse valor no novo ano.
Clínica Luso-Espanhola, Well Domus, Jobs, Diafresh, Aquafalls Hotel & Spa, Aquapura, Malo Clínica, Jornal do Golfe, Golfe No Centro e Portal do Golfe foram apenas algumas das marcas e empresas que já aderiram ao projecto, na qualidade de parceiras. Marta Vasconcelos, vice-campeã nacional amadora, Mariana Martins, Rebeca Ferreira, Cândida Santos e Maria Ferraz algumas das jogadoras das orlas da alta competição que aceitaram participar nos torneios. “Os clubes, esses, mostraram uma receptividade incrível. Já fomos informadas, inclusive, da existência de imensos outros campos interessados em receber provas do circuito”, diz Francisca. O calendário de 2010 ainda não está definido, mas já se sabe que integrará o Torneio da Associação Laço e terminará, como o de 2009, com o Campeonato do Norte de Senhoras, a disputar em princípio a 10 de Outubro, no campo de golfe da Quinta da Barca. As interessadas poderão obter mais informações sobre o projecto em www.fpg.pt e www.agnp.pt.
Reforçar o intercâmbio com jogadoras estrangeiras, já esboçado com o convite a uma delegação de golfistas galegas no Campeonato do Norte do ano passado, será um dos caminhos para 2010. Tornar o Campeonato Nacional de Senhoras independente dos congénere masculino, um dos objectivos a médio-longo prazo. Na agenda estão ainda o incentivo aos clubes para criarem os seus próprios campeonatos femininos e a criação de um match anual entre senhoras do Norte e do Sul do país. “Todo este trabalho é apresentado nas reuniões mensais da FPG. Sinto-me a porta-voz das golfistas portuguesas. Nem sempre é fácil ser a única mulher numa direcção de homens”, explica Francisca. “Mas tenho tido um apoio incondicional do Eng. Manuel Agrellos. O meu colega Júlio Mendes é um dos meus maiores defensores e a Vanessa Velosa a minha grande aliada. Todos na direcção são unânimes em reconhecer a importância deste projecto”, acrescenta.

 

 

UM PALMARÉS EM FORMAÇÃO

Três torneios deixam para a história os primeiros nomes inscritos no palmarés do circuito. O Norte parte à frente, mas a ideia é alargar a iniciativa a todo o país.

 

1º TORNEIO DO CIRCUITO GOLFE NO FEMININO
Quinta do Fojo, 8 de Março de 2009

CLASSIFICAÇÃO STABLEFORD NETT

POS.  NOME                 CLUBE                 HCP  PONTOS
1ª       Maria Ferraz        Quinta da Barca   9        34
2ª       Elza Alves            Citynorte            26      33
3ª       Ana Sofia Pinto    Quinta do Fojo     23      33


TORNEIO DA MULHER
Quinta da Barca, 9 de Maio de 2009

CLASSIFICAÇÃO STABLEFORD NETT

POS.  NOME                      CLUBE              HCP PONTOS
1ª       Ana Sofia Pinto        Quinta do Fojo   24     41
2ª       Elisabete Teixeira     Rilhadas            5       36
3ª       Maria Luís Ferraz     Estela                11      36


CAMPEONATO DO NORTE DE SENHORAS
Estela, 27 de Setembro de 2009

CLASSIFICAÇÃO STROKE PLAY (1ª CATEGORIA)

POS.   NOME                     CLUBE    RESULTADO
1ª        Rebeca Ferreira      Estela       +10
2ª        Mariana Martins      Estela       +10
3ª        Cândida Santos       Estela       +12

CLASSIFICAÇÃO STROKE PLAY (2ª CATEGORIA)

POS.   NOME                      CLUBE       RESULTADO
1ª        Adelaide Figueiredo Estela         +26
2ª        Maria Alice Leite       Estela      +34
3ª        Francisca Osório       Nortada      +37

CLASSIFICAÇÃO MEDAL NETT (2ª CATEGORIA)

POS.   NOME                               CLUBE                 RESULTADO
1ª        Maria do Carmo Godinho  Quinta da Barca   71
2ª        Adelaide Figueiredo           Estela                72
3ª        Francisca Osório                Nortada             73

REPORTAGEM. J, 10 de JANEIRO de 2010

publicado por JN às 19:46
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joel neto

Joel Neto nasceu em Angra do Heroísmo, em 1974. Publicou “O Terceiro Servo” (romance, 2000), "O Citroën Que Escrevia Novelas Mexicanas” (contos, 2002), “Al-Jazeera, Meu Amor” (crónicas, 2003) e “José Mourinho, O Vencedor” (biografia, 2004). Está traduzido em Inglaterra e na Polónia, editado no Brasil e representado em antologias em Espanha, Itália e Brasil, para além de Portugal. Jornalista, tem trabalhado... (saber mais)
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