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15 Maio 2010

Rory McIlroy, Ryo Ishikawa, Rickie Fowler, Jason Day, Seung-yul Noh – a primeira linha do golfe mundial está agora repleta de adolescentes e pós-adolescentes. Mas é para o italiano Matteo Manassero, acabado de fazer 17 anos, que todos os olhares se viram. Ele, sim – diz-se –, será o grande adversário (e depois o sucessor) de Tiger Woods

 

“O Matteo é um miúdo fantástico, completamente terra-a-terra, simpático como mais ninguém”, garantiu há dias Edoardo Molinari, na conferência de imprensa de lançamento do BMW Italian Open, disputado no último fim-de-semana no Royal Park I Roveri, em Turim. “Mas a questão é que não é apenas um miúdo fantástico. Na verdade, tem tudo para ser o melhor golfista italiano de sempre. Assim que ganhar mais alguma distância a partir do tee, é garantido. Dêem-lhe três anos e será um dos melhores do circuito”, acrescentou o mais velho dos irmãos Molinari, campeão do Challenge Tour 2009 e vencedor da Taça do Mundo do mesmo ano na companhia do seu irmão, Francesco.

Exagero? A maior parte dos observadores diz o contrário: que, se a frase de Molinari peca, é na verdade por defeito. Para muitos deles, e por muito falível que seja um vaticínio desta natureza numa modalidade como o golfe, está finalmente encontrado um adversário para Tiger Woods – e, de resto, o homem que um dia receberá do californiano a tocha que ilumina o jogo dos fairways e dos greens e a carregará no caminho para uma nova dimensão. No fundo, e embora este sejam os tempos de Rory McIlroy, Ryo Ishikawa, Rickie Fowler, Jason Day ou Seung-yul Noh, é para Matteo Manassero que se viram agora todos os olhares, convictos de que ele, sim, liderará a próxima geração de golfistas de topo.

Nascido num momento em que Bill Clinton já era presidente dos Estados Unidos, que os Balcãs ainda se encontravam em guerra e que o Muro de Berlim já havia caído (o Muro de Berlim e, aliás, a URSS), Matteo Manassero tinha apenas 17 anos e 17 dias de idade quando, a 3 de Maio passado, se tornou profissional de golfe. E, no entanto, possuía já um currículo absolutamente inigualável, pejado de recordes aparentemente imbatíveis, incluindo os de mais jovem jogador de sempre a vencer os troféus para o melhor amador no British Open (2009) e no The Masters Tournament (2010), em que de resto já fora o mais novo a passar o cut.

No British Open do ano passado, a experiência foi especial: Manassero jogou os dois primeiros dias ao lado de Sergio García e Tom Watson, terminou mesmo à beira do top 10 (T13, depois de uma back nine final aquém do que produzira nas primeiras três rondas e meia) e foi colocar-se junto ao green do 18 a torcer, qual jovem aficionado, pela vitória do seu novo amigo. “Eu não sei se volto. Tu voltarás com certeza”, dissera-lhe Tom Watson, ao final do segundo dia. No The Masters deste ano, o teste foi ainda maior. O mais jovem a passar o cut em Augusta, até então, fora o sul-africano Bobby Cole (1967), na altura já à beira dos 19 anos. Manassero ainda não tinha feito 17 – e não só jogou no fim-de-semana, como o conseguiu através de três consecutivos putts gigantescos, no caso para salvar dois bogeys e um par.

O jogo à volta e dentro do green é, aliás, o seu forte. Ainda pouco comprido no tee shot, até em resultado do (para já) limitado desenvolvimento do seu físico, Manassero tem “um jogo curto que combina a imaginação de um artista com a coragem de um basejumper”, como escreveu recentemente o britânico “The Guardian”, acrescentando que esse, sim, é “o factor ‘x’ que separa os grandes dos apenas bons”. E a inspiração está identificada. Quando o viu jogar pela primeira vez, tinha Matteo então apenas 13 anos, Peter McEvoy, antigo capitão da selecção europeia da Walker Cup, ficou impressionado: “Aviso-vos de que a Europa pode ter finalmente encontrado o seu novo Seve Ballesteros.” Pois fora precisamente esse mesmo Ballesteros que Manassero impressionara nove anos antes, durante uma exibição paralela ao Italian Open, ao fazer um chip-in, no pitching green do Gardagolf (Brescia), com apenas quatro anos de idade.

Nascido em Negrar, província de Verona, Matteo Manassero não é sequer o típico jovem bem-nascido que desde o início tem os meios e a atmosfera familiar necessários a um investimento permanente no golfe. Filho de um casal de classe média, começou a acompanhar o pai nas suas rondas de sábado de manhã e em breve ganhou de presente o seu primeiro taco. Pois aos sete anos já havia vencido o campeonato nacional italiano para jovens com idades até aos (pasme-se) 12 anos. Entretanto, e em parte devido ao trabalho do treinador Alberto Binaghi, nunca mais se cansou de elevar fasquias. Agora, o público não o larga. Inclusive as raparigas, que o seguiram para todo o lado ao longo das quatro rondas do The Masters, na Georgia (EUA). “É lindo”, escreveu a jornalista Angela Kelly, do LA Times. “Parece que acabou de chegar do Mónaco dos anos 60”, voltou o The Guardian.

“O que eu tento fazer é manter-me sempre em jogo. Ter sempre a cabeça erguida, não dar nunca uma pancada por perdida. Foi isso que os meus pais me ensinaram na vida”, costuma dizer. À volta, costuma ter tanto os progenitores como o avô. Mas, embora reconheça que em alguns momentos se sente um tanto nervoso perante as expectativas deles, nem por isso cede a pressões. “Não jogo para eles. Jogo para mim. Aprendi que é a única maneira. E a sorte é que não tenho expectativas. Na verdade, o que eu quero é divertir-me. Sonho ganhar o The Masters, sonho ganhar muitos torneios. Mas, para já, o que quero é divertir-me”, acrescenta. E o facto é que se diverte: a primeira coisa que faz, quando regressa de um torneio, é descer as escadas do prédio onde vive, em Verona, e jogar futebol na rua com os amigos de infância, imitando as fintas e os remates dos seus ídolos do AC Milan.

Pois agora, que é profissional de golfe, parte dessa vida ficará pelo caminho. Determinado a continuar os estudos, Matteo Manassero vai ter, no entanto, de abandonar a escola pública de Verona, onde sempre estudou – e, quanto aos dois últimos anos de liceu, terá de acabá-los online. Mas nem por isso está demasiado ansioso. As estatísticas lembram-lhe que, na história do European Tour, apenas Ballesteros começou mais novo a jogar com regularidade. E, no entanto, nenhuma expectativa ainda – mesmo se, entretanto, já assinou contrato de representação com o International Management Group, a mais importante empresa de gestão de carreiras (desportivas e não só) do mundo, fundada nos anos 60 pelo mítico Mark McCormack. “O que quero é ganhar o cartão do circuito para 2011. O resto logo se verá”, diz Manassero.

Para já, o que se tem visto é brilhante. No seu primeiro torneio como profissional, o Italian Open da semana passada, Matteo passou o cut com uma perna às costas e continuava na primeira metade da tabela ao final da terceira jornada, com todas as voltas ao nível ou abaixo do par do campo. Entretanto, Colin Montgomerie, capitão da selecção europeia para a Ryder Cup de Outubro, já jogara (a seu próprio pedido) duas rondas com ele, na intenção de avaliar uma eventual convocatória como wildcard para a competição marcada para o País de Gales. Mais ainda: tanto o R&A como a USGA já lhe haviam agradecido a sua participação na embaixada de golfistas profissionais e amadores que, no ano passado, ajudaram a convencer o Comité Olímpico Internacional a devolver o golfe às Olimpíadas de Verão a partir da edição de 2016, marcada para o Rio de Janeiro.

“Para já, o que esperamos é que ajude a fazer crescer o número de golfistas amadores italianos de 59 mil para 100 mil”, diz Franco Chimenti, presidente da Federação Italiana de Golfe e o homem que mais se empenhou em que o Open de Itália fosse o primeiro torneio da jovem estrela como profissional. “De resto, que mais desejos temos sequer o direito de formular? Num ápice, ele sairá da nossa alçada e tornar-se-á simplesmente maior do que nós todos. E, então, só nos restará orgulharmo-nos por, um dia, termos privado com ele.”

 

Uma estrela para o futuro (e o futuro começou em 2009)

Matteo Manassero começou a jogar golfe aos três anos e venceu o seu primeiro torneio aos sete. Hoje, é talvez a mais flamejante jovem estrela do golfe mundial – e, perante a ascensão de Rory McIlroy, Ryo Ishikawa ou Rockie Fowler, o mínimo que se pode dizer é que a concorrência é fortíssima.

MATTEO MANASERO

Nascimento: 19 de Abril de 1993, em Negrar, província de Verona (Itália)

Principal vitória como amador: British Amateur Championship 2009

Prestação em majors: duas participações (British Open 2009 e Masters Tournament 2010), dois cuts passados, um T13 (British Open) e um T36 (Masters)

Semanas no top do ranking mundial amador: 18

Data em que se tornou profissional: 3 de Maio de 2010

Posição no ranking mundial: 429 (antes do BMW Italian Open)

 

Os recordes de juventude de Matteo

 

A juventude está sobrevalorizada nos dias de hoje? Perguntem-no a Matteo Manassero e ele dirá que não. Com escassos 17 anos e 27 dias (completados hoje), o jovem italiano tem já sete relevantíssimos recordes de juventude no golfe de alto nível. E ainda agora começou a sua caminhada…

- Mais jovem jogador de sempre a vencer o British Amateur Championship (com quase dois anos de vantagem sobre o segundo classificado)

- Mais jovem jogador dos últimos 140 anos a jogar o British Open

- Mais jovem jogador de sempre a vencer a Silver Medal para o melhor amador no British Open

- Mais jovem jogador de sempre a jogar o The Masters Tournament

- Mais jovem jogador de sempre a passar o cut no The Masters Tournament (com quase dois anos de vantagem sobre o segundo classificado)

- Mais jovem jogador de sempre a vencer a Georgia Cup para o melhor amador no The Masters Tournament

- Segundo mais jovem jogador de sempre a jogar com regularidade no European Tour (a seguir a Seve Ballesteros)

FEATURE. J (O Jogo), 16 de Maio de 2010

publicado por JN às 23:47

09 Maio 2010

Foi a maior golfista universitária de sempre e desde 2007 que ocupava o primeiro lugar do ranking mundial de profissionais, roubado então à sueca Annika Sorenstam. Levou o golfe às populações mais carenciadas do México e ganhou por três vezes o prémio anual para o desportista mais bem-sucedido daquele país, homem ou mulher. Lorena Ochoa deixou de jogar regularmente no último fim-de-semana, com apenas 28 anos e a dois de poder reclamar o seu lugar no Golf Hall of Fame. Que seja feliz.

 

“Pensei muito bem nisto e digo-vos sinceramente: estou em paz”, explicou Lorena Ochoa, há dias, na recta final da preparação para o Tres Marias Championship, torneio do LPGA Tour realizado no último fim-de-semana em Morelia, no México. “Vou manter a porta aberta para o caso de, dentro de um ou dois anos, querer jogar o Kraft Nabisco Championship ou o US Open – e mesmo para, entretanto, poder continuar a jogar torneios de modelo Invitational, até porque sou anfitriã de um. Mas, no essencial, vou parar depois do Tres Marias. E nunca na minha vida estive tão feliz, até porque atingi tudo aquilo que pretendia atingir. Na verdade, nunca quis ser mais do que a primeira classificada do ranking mundial.”

Foi com estas palavras que Lorena Ochoa enfrentou os jornalistas – e foi através destas palavras que, atónitos ainda com a notícia, os responsáveis pelo golfe feminino de todo o mundo viram confirmado o abandono da competição por parte do seu mais importante activo: aquela a quem já chamavam “o equivalente feminino de Tiger Woods”. Depois de, em 2002, ter começado a vencer fasquias entre as senhoras, ameaçando desde logo pulverizar todos os recordes estabelecidos por Anika Sorenstam, Ochoa abandona a prática regular da modalidade, a nível profissional, para dedicar-se à procura de “uma vida normal” na companhia Andrés Conesa Labastida, CEO da Aeromexico e seu marido desde o passado mês de Dezembro (ver caixa).

“Estamos todos emocionados”, disse Ochoa, com a voz embargada e os olhos em água. “Sentimo-nos tristes nestas alturas. Ouço as pessoas dizerem que terão pena de não poderem continuar a ver-me jogar todos os fins-de-semana e fico comovida. Mas, afinal, trata-se de uma boa notícia e algo que me enche de alegria. Aqui há umas semanas, fui jogar à Ásia e tornou-se facílimo tomar esta decisão. Ficou claro para mim que já não queria estar ali. Só pensava noutras coisas. Queria ir para casa. Queria trabalhar na minha fundação Queria estar ao pé da minha família.”

O mundo do golfe não tardou a reagir. “Obviamente, quando se perde um número 1, a notícia não é boa. Na verdade, é um comprimido muito difícil de engolir”, comentou Charlie Rymer, analista do Golf Channel para as transmissões televisivas do circuito americano feminino, o LPGA Tour. Embora Lorena tenha surgido na conferência de imprensa acompanhada da generalidade dos seus patrocinadores, muitos temem que o abandono venha a prejudicar ainda mais um circuito que perdeu seis torneios nos últimos dois anos e cujo prize money total declinou cerca de vinte por cento de 2009 para 2010. Para além do que há o exemplo de Tiger, cujas retiradas temporárias (oito meses entre 2008 e 2009, devido a lesão, e outros cinco entre 2009 e 2010, em resultado do escândalo sexual em que se envolveu) fizeram cair as audiências do PGA Tour em cerca de quarenta por cento, com todas as desvantagens que daí resultam em termos de publicidade, patrocínios e prize funds.

De resto, há ainda a resistência das feministas americanas. “O abandono de Lorena Ochoa envia a mensagem errada. As mulheres atletas podem ter filhos e continuar a jogar golfe, basquetebol, ténis ou qualquer outra coisa. Não é preciso deixar uma modalidade para ter crianças, acrescentou Jill Painter, colunista do jornal “Daily News”, de Los Angeles. E, porém, não é em crianças que, aparentemente, Lorena Ochoa está a pensar. “Quero muito ter filhos”, explicou entretanto, numa entrevista exclusiva à ESPN. “É uma experiência que desejo muito ter, de facto. Mas não para já. Tenho muito tempo. E há muita coisa que quero fazer antes disso, na companhia do Andrés. Uma delas é dedicar-me à fundação. Das outras hei-de ir falando entretanto.”

Nascida em 1981 na cidade de Guadalajara, na região Oeste do México, Lorena Ochoa começou a jogar golfe aos cinco anos, venceu o seu primeiro torneio local aos seis e conquistou pela primeira vez um campeonato nacional aos sete. Teve sorte: filha de empresários, cresceu numa casa situada junto ao tee do buraco 10 do Guadalajara Golf Club – e em breve estaria aos cuidados de Rafael Alarcon, o golf-pro local que dez anos antes se distinguira, ainda como amador, ao obter o segundo lugar no Canadian Amateur Championship de 1976. “Quero ser a melhor jogadora do mundo”, disse-lhe então Lorena – e Alarcon não só se encantou com a determinação daquela moreninha frágil como em breve se convenceria de que estava, efectivamente, na presença de um verdadeiro diamante.

Quando em 1999, aos 18 anos, Lorena se inscreveu Universidade do Arizona, já tinha atrás de si um currículo com largas dezenas de títulos como amadora. Nos Estados Unidos, veio a tornar-se simplesmente na maior golfista feminina da história do desporto universitário. Em apenas três anos, venceu por duas vezes o troféu NCAA Player of the Year, destinado ao melhor desportista universitário americano de todas as modalidades,  e conquistou um lugar tanto na National Golf Coaches Association como na principal formação da All-American, equipa honorária que distingue anualmente os melhores desportistas amadores dos Estados Unidos. Em 2002, concluída a universidade, tornou-se então profissional – e as conquistas seriam ainda mais relevantes.

Ao longo de oito anos e meio como profissional, o primeiro dos quais no Futures Tour (espécie de segunda divisão do principal circuito feminino americano) e desde 2003 no LPGA Tour, Lorena conquistou 30 vitórias, entre as quais duas em majors. O seu triunfo no Women’s British Open de 2007 ficou na História: era a primeira vez que o circunspecto Royal Golf Club of St. Andrews permitia a realização de um torneio feminino no seu mítico Old Course – e a verdade é que Lorena não se limitou a vencê-lo, mas fê-lo, inclusive, em modelo wire-to-wire (ou seja: liderando do primeiro ao último dia). Para além de ter sido a única golfista mexicana a atingir o primeiro lugar do ranking mundial (“única” e “único”, pois nenhum homem mexicano o conseguiu), Ochoa tem ainda, de resto, outro recorde absolutamente histórico: a ronda mais baixa de sempre, entre homens e mulheres, num major championship de golfe, com 62 pancadas no primeiro dia do Kraft Nabisco de 2006. E até há duas semanas, altura em que pela primeira vez se ouviu falar do seu abandono, era convicção generalizada que seria ela a ultrapassar Annika Sorenstam, a sueca a quem já roubara o primeiro lugar do ranking mundial em 2007 (e que se reformou em 2008, aos 37 anos, igualmente para dedicar-se à família), no papel de melhor golfista feminina da história.

Afinal, não. Diz Lorena que, na verdade, nunca pretendeu jogar golfe como profissional por mais de dez anos – e, agora, é sem um gesto de arrependimento que deixa os fairways. Em cima da mesa fica, naturalmente, a oportunidade de voltar a tentar uma vitória no US Open, que nunca ganhou (apesar de várias vezes ter estado à beira de consegui-lo). Mas o facto é que, embora ainda a vejamos ocasionalmente pelos campos (inclusive no Lorena Ochoa Invitational, de que é anfitriã desde 2008 e que se realiza anualmente no México, a contar para o LPGA Tour), a competição regular simplesmente acabou. “Não me fica qualquer mágoa por nunca ter vencido o Open. As oportunidades que tive e que perdi foram experiências que me deram força para tornar-me naquilo que sou hoje”, explica.

Segue-se o trabalho na Lorena Ochoa Foundation, que se dedica à educação e gere uma escola primária e um liceu em Guadalajara, na Ochoa Sports Management, destinada à gestão de carreiras, e mesmo no Ochoa Group, holding familiar gerida pelo seu irmão, Alejandro Ochoa. Inspiração para todo um país, que até ao seu surgimento não só não jogava golfe como nem sequer parava dois minutos em frente a um torneio transmitido pela televisão, Lorena chegou a ganhar quatro milhões de dólares só em prize money (fora publicidade e contratos anexos, isto é) numa temporada. Agora, quer retribuir – e quer fazê-lo enquanto se encontra na flor da idade e no topo da fama. Quem pode repreendê-la por isso (e mesmo se o abandono acontece a apenas dois anos de validar a sua entrada para o Golf Hall of Fame, onde ganhou um lugar em 2006 mas para cuja ocupação precisava de dez anos de carreira regular)?

 

LORENA OCHOA

Nascimento: 15 de Novembro de 1981, em Guadalajara (México)

Profissional desde: 2002

Vitórias como profissional: 30

Vitórias em torneios do Grand Slam: 2 (Women’s British Open 2007 e Kraft Nabisco Championship 2008)

Posição no ranking mundial:

Prize money acumulado: 14,2 milhões de dólares

Distinções: LPGA Rolex Player of the Year (4 vezes); LPGA Vare Trophy (4); LPGA Tour Money Winner (3); Golf Writers Association of America Female Player of the Year (3); Mexico National Sports Award (3); AP Female Athlete of the Year 2007; Best International Athlete ESPY Award 2008; outras 12 distinções de primeira categoria

 

ANDRÉS CONESA: O HOMEM QUE NOS LEVOU LORENA

Chama-se Andrés Conesa Labastida, tem 40 anos e é actualmente presidente do conselho de administração da Aeromexico, principal companhia aérea mexicana. Conheceu Lorena em 2005, mas os destinos de ambos separaram-se ainda por mais dois anos, até porque Conesa era casado (e, de resto, pai de três filhos). Até que, em 2007, os dois reencontraram-se, já com o gestor divorciado – e rapidamente o casamento foi decidido, acabando por concretizar-se no passado mês de Dezembro.

Formado no Instituto Tecnologico Autónomo de México, onde entretanto também leccionou, Andrés Conesa Labastida tem um doutoramento em Economia pelo Massachusetts Institute of Technology, de Boston, e está desde há muito tempo vinculado à administração pública mexicana, ao abrigo da qual foi coordenador dos assessores do subsecretário da Fazenda e Crédito Público, director geral dos Assuntos Financeiros Internacionais e director geral do Plano Orçamental.

Em 2007, quando se comprometeu com Ochoa, já tinha ganhou o Prémio Nacional de Economia do México, no segmento de Investigação, e integrava a lista dos 60 mais poderosos líderes mexicanos. É desde 2007 CEO da Aeromexico, depois de antes já ter ocupado a presidência do Conselho de Administração da Cintra, a empresa que entretanto vendeu a participação maioritária que detinha na companhia aérea.

FEATURE. J (O Jogo), 9 de Maio de 2010

publicado por JN às 21:07
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02 Maio 2010

É um dos mais titulados treinadores de golfe nacionais e aquele que em mais destaque tem estado de há três anos a esta parte. Eduardo Maganinho, 48 anos, nasceu filho de um caddie e de uma cozinheira do Oporto Golf Club e nunca quis ser outra coisa senão profissional de driving range. Só este ano, já ganhou os campeonatos nacionais de clubes em sub-14 e sub-18, para além de assistir à vitória do aluno Manuel Alexandre Violas na Copa Andalucia. Agora, quer vencer o Campeonato Nacional de Clubes no escalão de absolutos, de forma a assinalar na perfeição o 120º aniversário do Oporto e do golfe em Portugal.

 

O pai era caddie, a mãe era cozinheira e um dos irmãos chegou a ser golf pro (agora é green keeper). A história de Eduardo Maganinho confunde-se com a história contemporânea do Oporto Golf Club, o mais antigo clube de golfe português (e cujo nascimento, há precisamente 120 anos, coincide com o lançamento da modalidade em Portugal). “Quando comecei no golfe, as pessoas diziam que eu tinha jeito para jogar. Mas a verdade é que eu sempre quis ser profissional de clube. Nunca joguei como amador e nunca joguei como profissional. Comecei como caddie e, na primeira oportunidade, tornei-me golf pro do Oporto”, diz o próprio. Estávamos então em 1983. Hoje, passados quase 27 anos, Maganinho tem mais familiares ainda a trabalhar no Oporto: um irmão é seu assistente e outro trabalha na manutenção do campo, um sobrinho é concessionário do restaurante do clube e outros três trabalham com o irmão no tratamento das relvas, dos bunkers e dos lagos. E, entretanto, o Oporto vai ganhando quase tudo o que há para ganhar.

Quem olha para o seu currículo percebe-o de imediato: não há nada que os jogadores de Espinho, sob o eu comando, não tenham ganho ainda. A mais recente grande vitória foi a de Manuel Alexandre Violas na Copa Andalucia, uma das principais competições espanholas para amadores. Nos últimos três anos, na verdade, o Oporto não deixou quase nada por conquistar – e, sobretudo, a lista de títulos acumulados desde 1983 é verdadeiramente impressionante. Quatro campeões nacionais absolutos, 23 campeões nacionais de jovens e seis vencedores da Taça da Federação Portuguesa de Golfe são alguns dos feitos individuais acumulados, de que resultou o fornecimento de 27 jogadores às diferentes selecções nacionais. Cinco Campeonatos Nacionais de Clubes no escalão absoluto, três Campeonatos Nacionais de Clubes no escalão de sub-18, um Campeonato Nacional de Clubes no escalão de Sub-16, dois Campeonatos Nacionais de Clubes no escalão de sub-14, 13 títulos de vice-campeão nacional de clubes (várias categorias) e 12 títulos de Campeão Regional de Clubes do Norte são alguns dos destaques a nível colectivo. Só em 2008, o Oporto ganhou dez competições, tanto individualmente como por equipas.

“O ano de 2009 também foi muito bom. E o de 2010, segundo parece, vai pelo mesmo caminho. Mas o que eu queria mesmo era voltar a ser campeão nacional de clubes no escalão absoluto, concretamente na competição masculina. Só ganhámos esse título uma vez, em 1999. E, agora que o Oporto faz 120 anos, era a forma perfeita de assinalar essa data”, diz Maganinho, recordando de imediato que a prova se disputa em Setembro, no CG Montado (Palmela). “Devo muito ao Oporto. Toda a minha família lhe deve muito, aliás. E não é apenas com honra que sou o head pro do clube: é também com sentido de responsabilidade e com o permanente desejo de aumentar a sua galeria de troféus”, acrescenta. Depois de Maganinho ter sido eleito pela FPG Treinador do Ano, em 2008, o Oporto organizou um torneio especial dedicado a reconhecer os seus primeiros 25 anos de actividade, provando estarem já definitivamente ultrapassados os tempos em que o golf pro do clube almoçava na cozinha, longe do convívio dos membros.

Segredos do sucesso, segundo o próprio: conhecer os princípios básicos do ensino do golfe, desenvolver um método próprio e ser, depois, capaz de aplicá-lo de diferentes maneiras consoante o jogador em causa, tendo sempre em atenção que a modalidade exige trabalho técnico, físico e psicológico, para além de um cuidado especial na alimentação. “Isto não é só sorte. Nem sequer depende apenas dos talento dos jogadores. Dedico-me muito ao meu trabalho”, costuma sublinhar. Com o sexto ano de escolaridade, Eduardo Maganinho aposta sobretudo numa abordagem empírica dos desafios que se lhe colocam. Desde que, em 1984, fez um estágio na Escócia com Gregor Jimminson, nunca mais deixou de reciclar-se, aproveitando todas as acções de formação e todos os seminários que vão aparecendo – e, na lista dos seus mestres, constam nomes tão incontornáveis como os de John Stark, David Murchie, Dick Farley, Jesus Arruti, Tommy Horton ou mesmo Howard Bennett (pai de Tony Bennett), de quem Maganinho foi adjunto nas selecções nacionais. Todos o ajudaram. Mas a todos ele tentou também, de alguma forma, transcender.

“Não ando à procura de ver o que dizem o David Leadbetter, o Hank Haney ou o Butch Harmon. Penso que, ao longo destes 27 anos, já desenvolvi o meu próprio método. E a verdade é que, se todos os dias me aparecem novos obstáculos, cada um tem de ser gerido à sua própria maneira”, conta. E dá um exemplo: “Ainda recentemente, no Campeonato Nacional de Clubes de sub-18, estava a orientar a volta de treino da equipa e notei que um dos meus jogadores, precisamente aquele que tem uma psicologia mais difícil e que desde o início joga mais negativamente, só fazia duplos, triplos e quádruplos bogeys. Ora, eu sabia que precisava dele para sermos campeões. E, então, decidi fazer uma aposta entre ele e outro jogador da equipa: quem fizesse melhor score tinha um prémio surpresa. Resultado: ele falhou no terceiro dia, já sujeito a enorme pressão, mas jogou mesmo muito bem nos dois primeiros. E isso foi o suficiente para sermos campeões.”

A psicologia é, aliás, um dos aspectos a que Eduardo Maganinho dedica mais atenção. No que diz respeito aos adultos e, sobretudo, no que diz respeito aos jovens, para quem as namoradas (que aparecem cada vez mais cedo), a Internet, os jogos de vídeo e (nos tempos de faculdade) as noitadas constituem apelos às vezes muito mais atraentes do que o dispêndio de fins-de-semana inteiros no driving range. “Por exemplo, no Campeonato Nacional Absoluto, em Tróia, tive um miúdo de 12 anos que simplesmente não quis jogar. Foi connosco, experimentou o campo e desistiu. Os pais tinham casa na zona, a namorada estava lá à espera dele, a escola tinha uma visita de estudo ali pela na região – e ele simplesmente preferiu deixar o torneio, dizendo que não gostava do campo. Tentei demovê-lo, mas entretanto parei. Às vezes, mais vale não forçar. Apenas lhe pedi que me prometesse que não deixava de jogar golfe, coisa que ele fez”, conta. “Se os adultos têm as palavras ‘não consigo’ na ponta da língua, com os adolescentes é pior ainda. E é preciso ter paciência com eles.”

Com cerca de 90 alunos de todas as idades, de resto escalonados segundo uma lógica em que se começa pelo assistant pro (precisamente o seu irmão, José) e se chega finalmente ao ‘professor Eduardo’, em jeito de promoção, Maganinho sabe, na verdade, que o golfe não é tudo na vida. E diz mesmo que, se há um factor mais contraproducente do que os outros no que diz respeito à evolução de um jovem jogador, esse factor é a insistência dos pais para que ele venha a tornar-se num campeão da modalidade. “Já tive um aluno que foi campeão nacional de sub-18 e depois deixou de jogar. Assim que chegou à universidade, simplesmente parou. Na verdade, não gostava de jogar golfe. E isso, para quem tinha passado uma série de anos de taco na mão, é a coisa mais triste que há”, conta. “Aliás, o meu conselho é sempre: até uma certa idade, deixem os miúdos praticar várias modalidades Desde que seja desporto, deixem-nos experimentar. Eles hão-de acabar por decidir sozinhos o que querem. É o que faço com os meus próprios filhos. O rapaz joga, a rapariga não. Tenho pena, mas paciência.”

Para além de Manuel Alexandre Violas, a sua grande aposta é agora, em termos individuais, Tiago Rodrigues, jovem que, aos 18 anos (e embora tenha entrado entretanto na faculdade), parece determinado a tornar-se profissional de competição. “Está a trabalhar muito bem. Tem muito potencial e, para além de estar a treinar a área técnica comigo e com os seleccionadores nacionais, tem um personal trainer, um nutricionista e um psicólogo, concretamente o professor Jorge Silvério. Até o consumo de carne já reduziu, coisa que sei que lhe custou bastante. Aposto muito nele”, diz. Mas o facto é que Maganinho acredita que outros jovens portugueses poderão chegar aos circuitos internacionais, nomeadamente José Maria Jóia, Gonçalo Pinto e, sobretudo, Pedro Figueiredo, agora a estudar (e a jogar) nos Estados Unidos. “Mais do que isso: há aí um grupo de miúdos entre os 13 e os 15 anos, no Oporto e em vários outros clubes (nomeadamente no CG Vilamoura, onde o Joaquim Sequeira também tem feito um trabalho magnífico), que podem levar esta modalidade, em Portugal, verdadeiramente a outro nível. E talvez fosse interessante se a Federação, que tem trabalhado muito bem as competições, se empenhasse agora em criar mais estágios.”

 

Os números de Maganinho

 

Eduardo Maganinho tem 48 anos e é profissional do Oporto Golf Club há 27, tendo acumulado durante nove anos essas funções com as de seleccionador nacional adjunto. Só entre 2008 e 2009, os seus jogadores conquistaram 13 títulos de campeão nacional, tanto em termos individuais como colectivos, para além de 14 vitórias nos Circuito Tranquilidade e no Ranking BPI (incluindo duas no ranking anual). Isto sem falar, claro, nos incontáveis segundos e terceiros lugares – em todas as categorias, colectivas e individuais, masculinas e femininas.

ALUNOS CAMPEÕES NACIONAIS INDIVIDUAIS: 27

ALUNOS QUE VENCERAM A TAÇA DA FPG: 6

ALUNOS FORNECIDOS ÀS SELECÇÕES NACIONAIS: 27

ALUNOS PRESENTES NO CAMPEONATO DO MUNDO: 3

ALUNOS PRESENTES EM TORNEIOS DO EUROPEAN TOUR: 3

ALUNOS COM VITÓRIAS INTERNACIONAIS: 1

CAMPEONATOS NACIONAIS COLECTIVOS: 12

CAMPEONATOS REGIONAIS COLECTIVOS: 12

PERFIL. J (O Jogo), 2 de Maio de 2010

publicado por JN às 23:27
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joel neto

Joel Neto nasceu em Angra do Heroísmo, em 1974. Publicou “O Terceiro Servo” (romance, 2000), "O Citroën Que Escrevia Novelas Mexicanas” (contos, 2002), “Al-Jazeera, Meu Amor” (crónicas, 2003) e “José Mourinho, O Vencedor” (biografia, 2004). Está traduzido em Inglaterra e na Polónia, editado no Brasil e representado em antologias em Espanha, Itália e Brasil, para além de Portugal. Jornalista, tem trabalhado... (saber mais)
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